‘Temos uma Usiminas entrando todos os anos’, diz CEO da siderúrgica sobre aço da China

Marcelo Charas, CEO da Usiminas (USIM5), diz que Brasil 'tem baixa defesa para importação'

Empresas citadas na reportagem:

As tarifas de importação globais anunciadas pelos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio aumentam a urgência de medidas de proteção comercial do Brasil contra produtos vindos da China. Esta é a avaliação do CEO da Usiminas (USIM5), Marcelo Chara. A declaração foi feita durante conferência com analistas sobre os resultados da siderúrgica no quarto trimestre nesta sexta-feira (14). As ações da Usiminas caíram no Ibovespa após a divulgação.

O CEO afirma que o Brasil “teve dois anos de PIB positivo, mas não soube aproveitar a oportunidade para desenvolver a indústria de transformação”. Nesse sentido, o setor de siderurgia vem negociando com o governo para a tomada de medidas em resposta à tarifa dos EUA. Mas Chara reclamou da competição “desleal” do aço que vem da China. “Temos uma Usiminas entrando todos os anos”.

Usiminas não será afetada por tarifas dos EUA, diz CEO

A Usiminas (USIM5) não será afetada pelas tarifas americanas sobre aço, disse Chara, uma vez que elas entrem em vigor a partir de março. Isso porque a empresa exporta somente 2% do fluxo de aço produzido aos Estados Unidos.

Na categoria de laminado plano, por exemplo, o volume com destino aos Estados Unidos chega a 400 mil toneladas.

Mas as tarifas podem provocar um novo fluxo do aço no Brasil, afirmou o CEO da Usiminas. “Esse novo fluxo vai terminar impactando a estrutura industrial do País, trazendo perdas de emprego”, continuou o executivo aos analistas.

“Nesse contexto interno desafiador e instabilidade do comércio internacional, torna-se ainda mais urgente a tomada de medidas efetivas de defesa comercial sobre produtos subsidiados”, ponderou Chara.

O CEO disse que a China é o principal parceiro do Brasil e, com isso, exporta para cá aço subsidiado e gera “competição desleal” dentro do mercado brasileiro. Nesse sentido, o sistema de cotas tarifárias do governo sobre 11 produtos chineses da categoria, adotado em 2024, “se provou insuficiente”.

“A China continua inundando o mundo com aço subsidiado. Em 2023 e 2024, 78% do aço plano veio da China”, diz Chara.

O CEO da Usiminas (USIM5) apelou para que sejam tomadas medidas preliminares antes da conclusão da investigação de antidumping vinda da China realizada pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Ou seja, quando fraudadores enganam autoridades sobre o destino de origem para burlarem sobretaxas.

Ações da Usiminas (USIM5) caem no Ibovespa

A Usiminas divulgou lucro operacional dentro do esperado pelo mercado financeiro, diz o Itaú BBA em relatório.

A empresa confirmou queda de 6% no volume de vendas de aço no Brasil em relação ao terceiro trimestre, mesmo com alta de 1,2% do preço do metal no mercado doméstico. Já o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da divisão de aço recuou 3% na base trimestral.

Por outro lado, o custo do minério de ferro elevou o lucro operacional da empresa em R$ 110 milhões entre o terceiro e quarto trimestres.

As ações da Usiminas (USIM5) tiveram reação negativa aos resultados da companhia nesta sexta-feira. O papel preferencial de classe A da siderúrgica registra queda de 1% no Ibovespa, às 13h10.

Além dos resultados, a companhia divulgou projeção de investimentos entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,6 bilhão para 2025. Para o Itaú BBA, o número é positivo porque reforça a geração de caixa operacional da Usiminas.

Já o Goldman Sachs espera por melhora na lucratividade da empresa. O efeito viria do controle da italiana Ternium sobre a companhia brasileira, que inclusive é alvo de contestação na Justiça.

“Com a reforma do forno principal da Usiminas, esperamos que a companhia melhore o lucro por tonelada de aço acima de sua média histórica de US$ 100 por tonelada”, destacou a equipe de analistas do Goldman em documento.

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