Temu pede registro no Remessa Conforme para entrar no Brasil
Programa permite que a gigante chinesa traga mercadorias abaixo de US$ 50 sem pagar imposto de importação de 60%
Terceira maior plataforma de serviços digitais da China, a Pinduoduo está entrando no comércio on-line brasileiro por meio da Temu, a sua operação de venda on-line internacional. O Valor apurou que a Temu já encaminhou para a Receita Federal o pedido de certificação no Remessa Conforme.
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Segundo o pedido encaminhado, a certificação foi solicitada por meio da empresa Elementary Innovation Pte, o braço de negócio da Temu sediado em Cingapura, e a transportadora que deve operar junto à Temu, pelos registros na Receita, será inicialmente a J&T Express Brazil.
Procurada, a companhia ainda não se manifestou.
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A habilitação da empresa foi solicitada em março e pode levar alguns meses — na média, os últimos pedidos têm levado de 60 a 120 dias, mas não há prazo para a análise.
Quem é a Temu
Além disso, o Valor ainda apurou que a Temu, uma espécie de mistura de Shopee e Shein, tem contatado parceiros locais na área de tecnologia para fechar acordos que acelerem a integração dos sistemas da companhia na China com a plataforma local a ser criada.
Isso é necessário para que a comunicação entre as plataformas funcione de forma estável.
A Temu foi criada em 2022 pelo grupo Pinduoduo, companhia que, em valor de mercado dos grupos chineses, está atrás apenas da Taobao, do Alibaba, e do Douyin, dono do “Tik Tok da China”.
A plataforma on-line é conhecida globalmente por vender de tudo por preços baixos, e pelas críticas de governos por conta de supostas importações de produtos falsificados e produzidos com mão de obra que trabalha em condições precárias.
Ao se considerar apenas as empresas de venda on-line na China, o Pinduoduo é o segundo maior do setor, perdendo para o Alibaba, já em operação no Brasil.
Remessa Conforme
A Temu buscava uma definição mais clara do Remessa Conforme antes de entrar no país, por isso decidiu avançar com o projeto neste momento, quase um ano depois do início das conversas no governo para mudanças na legislação de importação e criação do Remessa Conforme.
O programa permitirá que a Temu pague apenas 17% de ICMS caso tenha a certificação solicitada, mas para isso tem que seguir normas, como o envio de dados da encomenda de forma antecipada ao país, para controle dos dados.
Pelo tamanho de sua escala global, a chegada da Temu deve mexer com a operação das plataformas chinesas no país. É a primeira vez que AliExpress, o negócio do Alibaba no Brasil, terá que lidar com uma empresa de mesmo porte e força financeira.
Além disso, é um concorrente de peso para Amazon ou Mercado Livre, em parte porque é considerado mais ágil e agressivo do que o AliExpress – além de ser um site mais completo, em segmentos de atuação, do que a Shein.
App da Temu
Hoje, o aplicativo da Temu já pode ser baixado no país, mas não é possível fazer compras, no entanto, foram já mais de 3 milhões de avaliações do “app” no país até agora, e mensalmente, já tem sido baixados por 200 mil pessoas, em média.
Globalmente, a empresa projeta US$ 60 bilhões em vendas neste ano, incluindo vendas próprias e de lojistas do markerplace, mais que o triplo de 2023, segundo a imprensa chinesa.
O movimento ainda acontece num período em que as varejistas e indústrias nacionais pressionam para a volta da alíquota de importação. Houve debate do tema na Câmara dos Deputados na semana passada, sem avanços, e as empresas brasileiras ainda tentam aprovar o tema em um projeto de lei de mobilidade automotiva, o Mover.
Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico