Nos EUA, startups verdes entram na mira da SEC e investidores aceleram a venda de ações
Fabricantes de carros elétricos, outrora quentes, enfrentam investigações da agência federal de regulamentação e controle dos mercados financeiros
As ações de startups de veículos elétricos e outras empresas de tecnologia verde dispararam no início do ano passado. Agora, uma onda de investigações conduzidas pela SEC, a agência federal norte americana de regulamentação e controle dos mercados financeiros, vem gerando ceticismo entre os investidores. Como efeito, as ações de algumas destas startups caíram até 50% na última semana.
Na terça-feira (1), a empresa de vans de entrega Electric Last Mile Solutions e a fabricante de carros elétricos Faraday Future fizeram mudanças nos seus quadros executivos após investigações recentes de seus conselhos de administração.
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A Faraday Future informou que seu CEO Carsten Breitfield e o fundador Jia Yueting terão, individualmente, um corte de 25% na remuneração anual. Tanto Breitfield quanto Yueting terão de se reportar ao presidente executivo recém-nomeado, de acordo com a Faraday. A Faraday Future foi fundada em abril de 2014, em Los Angeles, na Califórnia, e emprega cerca de 500 profissionais.
Já a Electric Last Mile Solutions notificou o mercado que uma investigação interna descobriu que pouco antes de a companhia anunciar um acordo para abrir o capital, em dezembro de 2020, alguns executivos, incluindo o CEO James Taylor e o fundador Jason Luo, compraram ações com descontos em relação ao valor de mercado, sem obter uma avaliação independente. A prática é ilegal. A empresa disse na terça-feira (1) que ambos, Taylor e Luo, renunciaram a seus cargos, com efeito imediato. As ações da Electric Last Mile Solutions caíram mais de 50% na quarta-feira (2).
Muitas destas companhias abriram o capital por meio de empresas de aquisição de propósito específico, ou SPACs na sigla em inglês. É uma alternativa, prevista em lei, às tradicionais ofertas públicas iniciais (IPO), que permitem que as empresas façam projeções de negócios, com base em aquisições futuras. Algumas destas empresas geraram compras frenéticas por grandes e pequenos investidores, ansiosos para investir em negócios que acreditam que ajudarão a reduzir as emissões de carbono e limitar as mudanças climáticas.
O que são as SPACs?
As empresas de aquisição de propósito específico, ou SPACs na sigla em inglês, são companhias que não têm, a princípio, a pretensão de comercializar um produto ou desempenhar uma atividade diretamente. A ideia é se valer da expertise de um gestor ou idealizador de um empreendimento, fazer um IPO para captar recursos no mercado e, com o dinheiro levantado na oferta, comprar uma empresa operacional já existente – conhecida como target – para combinar as operações.
O dinheiro levantado no IPO fica reservado em uma conta bancária separada e o gestor tem até dois anos usualmente para encontrar esse negócio ou essa empresa que será adquirida e, assim, concluir a operação. O investidor, quando participa do IPO, não sabe qual empresa será adquirida, mas ele entra no negócio, pois acredita que o gestor vai encontrar uma boa oportunidade, com potencial de crescimento.
As investigações da SEC sobre estes negócios estão mostrando que muitos deles eram boas promessas que até agora não se realizaram, embora tenham recebido uma boa quantia de recursos de pequenos e grandes investidores.