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“Abandonar” o Brasil não deve render ganhos ao Nubank (NU), dizem analistas
A mudança anunciada na noite da quinta-feira (15) pelo Nubank (NU), que deixará de ser uma companhia de capital aberto registrada no Brasil e migrará de BDRs Nível 3 pra Nível 1, não deve trazer transformações positivas para a empresa, avaliam especialistas do mercado.
Para o Itaú BBA, a medida traz prejuízos à governança corporativa e é negativa também para os acionistas minoritários locais.
O banco de investimento diz que o Nubank apresentou como justificativa para a mudança reduzir gastos com a dupla listagem, mas não revela de quanto seria essa redução.
“Nós não acreditamos que isso dificultará a descoberta de preços pelos investidores, uma vez que a liquidez das ações está concentrada nos EUA. Os investidores locais ainda poderão negociar no Brasil, mas talvez com menos liquidez”, explica o relatório do Itaú BBA.
O Nubank continua a ser negociado em um valuation alto (5x preço/valor patrimonial), e quanto mais informações disponíveis para fornecer aos investidores maior conforto, melhor, dizem os analistas, liderados por Pedro Leduc.
“Na prática, acreditamos que a divulgação pode ficar mais pobre, e ainda menos comparável com instituições financeiras locais”, avaliam.
No fechamento desta sexta, as ações do Nubank registraram queda de 4,34% em relação ao fechamento anterior, vendidas a US$ 5,27. No início do pregão, as ações chegaram a cair mais de 6%, valendo US$ 5,04.
Pressão no final do ano
Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o movimento é ruim para a imagem da empresa porque ela demonstra “um pouco de fragilidade por não ter conseguido transmitir ao investidor a qualidade do negócio ao longo dos meses”, diz.
Em relação ao comportamento do investidor, Cruz diz que alguns devem abrir mão de seguir a empresa nos Estados Unidos, o que causaria uma perda ainda maior. “A mudança é um pouco ruim, limita o acesso por parte de alguns investidores”, avalia.
Além disso, o fim do período de manutenção das ações para quem entrou durante o IPO está acabando e pode haver uma debandada. “O banco deve tomar uma pressão nesse final de ano quando estourar esse prazo em que as pessoas precisam ficar presas às ações”.
Americanos pagam melhor por resultados futuros
Bruce Barbosa, sócio da Nord Research, diz que a intenção do Nubank é negociar nos Estados Unidos porque a avaliação é a de que os investidores americanos estão dispostos a pagar mais por uma empresa que tem seus resultados no futuro. Enquanto, no Brasil, a visão é diferente, e isso foi traduzido na queda vertiginosa.
“O Nubank julga que os Estados Unidos tem quem pague mais caro por empresas que não tem resultado hoje, que não dão muito lucro. Faz sentido, a nossa bolsa penaliza muito mais as empresas do que lá fora e pode ser que lá encontrem quem pague um pouco melhor”, avalia Barbosa.
Ainda assim, Barbosa avalia que isso não deve favorecer uma mudança de rumo para as ações do banco e uma recuperação sensível do valor dos seus papéis. “No final, não muda nada para o investidor por que o resultado da empresa não vai mudar”.
Na prática, o que muda?
Deixa de ter os BDRs final 33 e passam a ser 31. “É diferente porque o banco passa a não ter algumas considerações necessárias para passar a CVM, e segundo a empresa, passa a se tornar mais comportável às instituições financeiras globais”, avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus.
A listagem em Nova York continua, e quem tem os BDRs com final 33 terão três opções: receber a Nubank listada em Nova York, receber BDRs nível 1 ou vender os BDRs nível 3 em um período facilitado.
“O movimento não deve trazer nenhum benefício tangível”, avalia Spiess. “Na margem, parece ser ruim para o investidor que detém os papéis”, acrescenta.
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