OCDE eleva previsão de alta do PIB global em 2023, de 2,7% para 3%
A OCDE destaca que o índice cheio da inflação global desacelera, porém acrescenta que seu núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, "permanece persistente em muitas economias"
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevou ligeiramente sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano, de 2,7% para 3,0%. O número mais recente está em seu Relatório Interino de Perspectiva Econômica trimestral, divulgado nesta terça-feira, 19, e intitulado “Confrontando inflação e baixo crescimento”.
As comparações são feitas com relatório anterior dela com o mesmo foco, publicado em junho.
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Segundo a entidade sediada em Paris, após um início mais forte que o esperado neste ano, ajudado por preços mais baixos de energia e pela reabertura da China, o crescimento global deve moderar. “O impacto do aperto monetário está se tornando cada vez mais visível, a confiança das empresas e do consumidor piora e a retomada da China perde fôlego”, afirma.
O crescimento do PIB dos EUA deve desacelerar, de alta de 2,2% neste ano, mas ainda maior que o de 1,6% calculado em junho, e um avanço de 1,3% em 2024 (de alta de 1,0% antes projetada).
Já na zona do euro houve corte na projeção de crescimento do PIB no ano atual, de 0,9% a 0,6%. Para 2024, a redução foi de 1,5% a 1,1% de crescimento. Em relação ao ano que vem, a OCDE espera que o impacto adverso da alta inflação sobre a renda real diminua na região da zona comum. Apenas na Alemanha, a OCDE reafirmou expectativa de contração de 0,2% neste ano, enquanto em 2024 a previsão de alta passou de 1,3% a 0,9%.
No caso da China, a projeção de crescimento foi reduzida de 5,4% a 5,1%, neste ano, e de 5,1% a 4,6% em 2024. O crescimento do país deve ser contido pela demanda doméstica fraca e por “estresses estruturais nos mercados imobiliários”, acredita.
A OCDE vê ainda suas projeções sobre o crescimento global com riscos de baixa. O relatório menciona incertezas sobre a força e a velocidade da transmissão da política monetária e a persistência da inflação como preocupações importantes. Além disso, os efeitos adversos dos juros mais altos podem se mostrar mais fortes que o previsto, e a persistência maior da inflação exigiria um aperto adicional que poderia expor vulnerabilidades financeiras.
“Uma desaceleração maior que a esperada na China é um risco adicional importante, que atingiria o crescimento pelo mundo”, adverte ainda a OCDE.
Núcleo da inflação perdura, e riscos no cenário
A OCDE destaca que o índice cheio da inflação global desacelera, porém acrescenta que seu núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, “permanece persistente em muitas economias, mantido por pressões de custo e margens elevadas de alguns setores”.
A inflação deve desacelerar de modo “gradualmente moderado” neste ano e no próximo, mas seguirá acima das metas dos bancos centrais na maioria das economias. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos países do G20 deve desacelerar a 6,0% em 2023 e a 4,8% em 2024, enquanto o núcleo deve desacelerar de alta de 4,3% neste ano a um avanço de 2,8% no seguinte.
Nesse contexto, a OCDE argumenta que a política monetária precisa seguir restritiva até que existam sinais claros de que as pressões sobre a inflação subjacente diminuíram de modo duradouro. As taxas de juros parecem estar perto ou em seu pico na maioria das economias, inclusive nos EUA e na zona do euro, com maior equilíbrio nas avaliações dos bancos centrais conforme os efeitos das taxas de juros mais altas se mostram visíveis, diz.
Já os governos enfrentam crescentes pressões fiscais, com a alta no endividamento e gastos adicionais com envelhecimento populacional, transição climática e defesa, lista a OCDE. Ela recomenda esforços de curto prazo para reconstruir espaço fiscal e planos críveis de política fiscal no médio prazo como necessários para melhor alinhar políticas macroeconômicas de curto prazo e ajudar a garantir a sustentabilidade da dívida.
Esforços estruturais na política são necessários para fortalecer as perspectivas de crescimento, diz a OCDE, que cita redução em barreiras ao trabalho e a mercados para produtos, o desenvolvimento de habilidades que podem impulsionar o investimento, a produtividade e a participação na força de trabalho, bem como uma meta de tornar o crescimento mais inclusivo.
Uma prioridade importante é reviver o comércio global, defende a OCDE, mencionando-o como fonte importante de prosperidade no longo prazo tanto para as economias desenvolvidas quanto para as emergentes. Preocupações com a segurança econômica não devem impedir vantagens com menores barreiras comerciais, especialmente no setor de serviços.
A OCDE defende ainda cooperação internacional para garantir melhor coordenação e progresso mais rápido para os esforços de mitigar a emissão de carbono na atmosfera.
Com informações do Estadão Conteúdo