Os planos da Amazon: livrarias fechadas e foco em mercearias e lojas físicas de roupas
Companhia também prepara campanha de promoções para esquentar vendas no Brasil
A Amazon está planejando fechar dezenas de livrarias e outros locais de varejo que abriu nos últimos anos para destacar os produtos mais vendidos, como itens de mercearia e roupas, parte de uma mudança mais ampla que a gigante de tecnologia está fazendo em sua estratégia de varejo físico.
A gigante do comércio eletrônico disse ontem que planeja fechar os locais para se concentrar em mercearias e na tecnologia que os alimenta em outros locais de varejo. A Amazon opera mais de 20 livrarias nos Estados Unidos, lojas físicas temporárias, as chamadas “pop ups”, principalmente em shoppings, e lojas físicas “4 estrelas”, onde tudo à venda é classificado com 4 estrelas ou mais. Esses pontos venderam alguns de seus itens mais populares, de eletrônicos a produtos de cozinha. A empresa tem 66 lojas desse tipo nos Estados Unidos, disse uma porta-voz.
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Uma porta-voz da Amazon disse que a empresa continua “comprometida com a construção de experiências e tecnologias de varejo físicas excelentes e de longo prazo, e estamos trabalhando em estreita colaboração com nossos funcionários afetados para ajudá-los a encontrar novas funções na Amazon”.
A Amazon, que começou como uma livraria on-line, abriu sua primeira livraria física em Seattle em 2015. Ela tentou diferenciar as lojas dos concorrentes oferecendo descontos aos clientes Amazon Prime, oferecendo seus próprios dispositivos para teste e venda, e a criação de uma seleção de livros altamente selecionada com base em um sistema de classificação. A abertura das livrarias da Amazon foi vista como uma expansão surpreendente para o setor de livros físicos, que havia sido prejudicado pelo domínio de anos da Amazon nas vendas de livros online.
A Amazon se expandiu fortemente para o varejo físico desde 2015. A empresa comprou a Whole Foods Market em 2017 por mais de US$ 13 bilhões e, desde então, adicionou à sua linha um conjunto de lojas sem caixa chamado “Amazon Go”, bem como suas mercearias mais convencionais da Amazon Fresh. A empresa abriu recentemente sua primeira loja Whole Foods sem caixa perto de Washington, D.C. A Amazon começou a licenciar seu sistema sem caixa para outros varejistas, e executivos sugeriram que ele poderia funcionar em lojas muito maiores.
A Amazon começou recentemente a estudar o potencial de locais de varejo semelhantes a lojas de departamento que poderiam apresentar roupas e implantar outras tecnologias em potencial, inclusive com a capacidade de usar códigos QR e outras tecnologias para fazer recomendações em tempo real para os clientes. A empresa anunciou em janeiro que abriria uma loja “Amazon Style” na área de Los Angeles usando essa tecnologia. Robôs ou outras formas de automação poderiam eventualmente ser usados nas lojas de roupas, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
Companhia quer esquentar vendas no Brasil
A Amazon está preparando uma campanha de promoções no Brasil que vai durar nove dias, de 7 a 15 de marco. A varejista está colocando mais de 50 milhões de produtos com até 60% de desconto em 30 categorias e espera superar o resultado da campanha de 2020, que durou oito dias.
O período de promoções do varejo ocorre em torno do Dia Mundial dos Diretos do Consumidor, comemorado no dia 15, para esquentar as vendas de um trimestre que costuma ser mais fraco, após a Black Friday e o Natal.
“O mercado viu a oportunidade de preencher esse hiato, saindo do Natal, com um evento maior no primeiro trimestre”, diz Marcelo Giugliano, diretor de varejo da Amazon no Brasil. “É um momento importante para voltar a atenção dos clientes às ofertas do mercado”.
A campanha da Amazon ocorre na esteira de um ambiente de promoções no varejo nacional, com ofertas de descontos de 20% a 70% para determinados produtos, como anunciavam ontem os sites de Casas Bahia e Magazine Luiza, “cash-back” (consumidor faz uma compra e recebe de volta uma parte do valor gasto) ou preço menor para quem paga com Pix.
A infraestrutura da empresa aumentou, com cinco novos centros de armazenamento e distribuição inaugurados, no ano passado em São João de Meriti (RJ), Cabo de Santo Agostinho (PE), Itaitinga (CE) e dois em Cajamar (SP). No total, a empresa conta com 12 centros de distribuição no país.
Giugliano disse que não revela projeções futuras para a operação e que a experiência dos clientes se sobrepõe ao cenário econômico de inflação no país. “Nos focamos muito pouco em projeções econômicas”, disse.
O executivo descarta possíveis impactos sobre o comportamento do consumidor quanto às compras on-line, após o ciberataque que tirou os sites de e-commerce da Americanas S.A. do ar por mais de 72 horas, no mês passado. Giugliano reforçou que a segurança digital é um componente importante da experiência do cliente.
Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômica