Oscar 2025 traz corrida mais imprevisível dos últimos anos; o que dizem os especialistas

Oscar 2025 pode trazer muitas surpresas a partir da festa de premiação em Los Angeles e 'Ainda estou aqui' pode surpreender

Cena do filme 'Ainda Estou Aqui', de Walter Salles. Foto: Divulgação
Cena do filme 'Ainda Estou Aqui', de Walter Salles. Foto: Divulgação

“E o Oscar vai para…”

A tradicional frase que antecipa o anúncio das estatuetas da premiação mais glamourosa da sétima arte promete vir acompanhada este ano de algumas surpresas após uma temporada sem um grande favorito.

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Se no ano passado todo mundo sabia que ‘Oppenheimer’ seria o grande vencedor da premiação, em 2025 o cenário é de indefinição.

A 97ª edição da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood acontece neste domingo (2), no Dolby Theater, em Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos.

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A cerimônia contará com apresentação de Conan O’Brien e terá transmissão em TV aberta no Brasil pela primeira vez em cinco anos. A Globo exibe o Oscar para todo o País, com exceção do Rio de Janeiro, que acompanha o desfile das escolas de samba. O canal por assinatura TNT e o streaming da Max também fazem a transmissão.

‘Emilia Pérez’ era o filme a ser batido

Quando as indicações ao Oscar foram anunciadas, no dia 17 de janeiro, ‘Emilia Pérez’ parecia o filme a ser batido.

O musical francês recebeu nada menos que 13 indicações, uma a menos que o recorde histórico de ‘A malvada’, ‘Titanic’ e ‘La La Land — Cantando estações’, indicados em 14 categorias.

Mas muita coisa aconteceu nestas últimas seis semanas.

Os incêndios em Hollywood ampliaram o período de votação, outras premiações agitaram o calendário e a polêmica envolvendo a revelação de posts antigos no X de Karla Sofía Gascón, que fez comentários contrários a minorias e à própria cerimônia do Oscar, caiu como uma bomba na imprensa americana.

Oscar 2025: cartas estão na mesa

Desde então, filmes como ‘O brutalista’, ‘Um completo desconhecido’, ‘Conclave’ e ‘Anora’ vêm sendo citados como favoritos ao Oscar na categoria principal, que conta ainda com as presenças de ‘Emilia Pérez’, ‘A substância’, ‘Wicked’, ‘Duna: Parte 2’, ‘O reformatório Nickel’ e, é claro, ‘Ainda estou aqui’.

O drama brasileiro dirigido por Walter Salles também está na disputa de melhor filme internacional e melhor atriz, com Fernanda Torres.

“Acho que essa corrida é a mais imprevisível dos últimos anos. Apesar de cobrir premiações há dez anos, não saberia em quem apostar se tivesse que colocar dinheiro”, diz o jornalista Rodrigo Salem, radicado em Los Angeles.

“Não sei se vai ser uma premiação de um filme levando todos os prêmios. Tenho a impressão de que será bem dividido.”

Votante do Critics Choice Awards, Salem vê ‘Anora’ com leve favoritismo na categoria principal após conquistar os prêmios dos sindicatos dos produtores (PGA), diretores (DGA) e roteiristas (WGA), mas não descarta a possibilidade de conquista de ‘Conclave’, vencedor do Bafta e do SAG Awards de melhor elenco, e ‘O brutalista’.

Ele cita outras disputas que parecem bem abertas, especialmente melhor atriz (Demi Moore x Mikey Madison x Fernanda Torres), ator (Adrien Brody x Timothée Chalamet), direção (Sean Baker x Brady Corbet) e roteiro original (‘A verdadeira dor’ x ‘A substância’ x ‘Anora’).

Disputa está imprevisível

Brasileira radicada em Nova York, Miriam Spritzer, repórter de entretenimento e diretora da Golden Globes Foundation, também destaca a imprevisibilidade da disputa. Com exceção de algumas poucas categorias, como ator coadjuvante e atriz coadjuvante, que acredita estarem encaminhadas para Kieran Culkin (‘A verdadeira dor’) e Zoe Saldaña (‘Emilia Pérez’).

“Foi uma corrida muito intensa e conturbada. Tivemos de tudo: dramas, discussões sobre uso de inteligência artificial, escândalo envolvendo a primeira mulher trans indicada ao Oscar e muitos altos e baixos”, diz a votante do Globo de Ouro.

“É um ano bem difícil de prever. A Academia tem passado por uma mudança de perfil dos membros, com a entrada de muitos nomes internacionais. Isso tem dado uma maior atenção aos longas internacionais como vemos com as indicações de ‘Ainda estou aqui’ e ‘Emilia Pérez’ na categoria principal, e de Fernanda e Karla Sofía Gascón para melhor atriz.”

Para torcer durante a madrugada

Em suas previsões finais, Variety e New York Times apontam ‘Anora’ e seu realizador, Sean Baker, como favoritos à disputa de melhor filme e direção. As publicações, no entanto, divergem sobre melhor atriz. A revista de Los Angeles acredita na vitória de Demi Moore por ‘A substância’, enquanto que o jornal nova-iorquino aposta na conquista de Fernanda Torres.

“Nenhuma corrida me dá mais agitação do que melhor atriz. Moore fez discursos de retorno emocionantes ao ganhar os principais prêmios no SAG, no Critics Choice e no Globo de Ouro. Madison se destacou no Bafta e no Independent Spirit Awards e lidera o longa que provavelmente ganhará o prêmio de melhor filme. E há também Torres, que estrela o filme brasileiro ‘Ainda estou aqui’. Vale a pena ser a última concorrente a que as pessoas assistem, e ela está recebendo muitos votos dos membros da Academia que agora estão se atualizando com seu filme. Com as coisas tão estreitas entre Moore e Madison, pergunto-me se os eleitores não ficarão tentados a escolher Torres como uma opção de terceira via”, diz texto de Kyle Buchanan no NYT.

Ainda que a vitória de Fernanda esteja longe de ser impossível, a maioria dos especialistas concorda que a maior esperança para o Brasil está na corrida de melhor filme internacional. ‘Ainda estou aqui’ foi a aposta da Variety e do NYT na categoria, que tinha ‘Emilia Pérez’ como franco favorito há algumas semanas.

“A maior chance é na categoria de filme internacional, mas acho que temos que ficar muitos felizes com as três indicações. Independente de vitória, o Brasil já ganhou demais. Lotamos as salas de cinema e lançamos duas novas estrelas para o mercado internacional, como temos visto com Fernanda Torres e Selton Mello. Já temos muito o que comemorar”, diz Spritzer.

Cinema brasileiro no foco

Vencedor do Globo de Ouro de melhor atriz, do Goya de melhor filme íbero-americano e do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, indicado no Critics Choice e no Bafta, assunto em capa de revistas e entrevistas internacionais, e sucesso de bilheteria no Brasil e no mundo.

A trajetória de ‘Ainda estou aqui’ é histórica antes mesmo do resultado do Oscar na noite de hoje. E, com uma produção nacional despertando tamanho reconhecimento, a pergunta que surge é: qual o impacto do filme para o cinema brasileiro?

“A trajetória de ‘Ainda estou aqui’ e uma possível vitória no Oscar elevam o orgulho nacional e reforçam a autoestima do público em relação ao cinema brasileiro”, diz o produtor e distribuidor Bruno Wainer, da Downtown Filmes.

“Ver um filme do País brilhar internacionalmente mostra que nossas histórias têm valor global, emocionam e impactam. Esse reconhecimento desperta maior interesse do público pelos filmes nacionais, ajudando a quebrar preconceitos e fortalecer a conexão com o nosso audiovisual.”

Quem também valoriza a conexão com o público é Maria Carlota Bruno, que atravessa hoje o tapete vermelho do Dolby Theater, em Los Angeles, como uma das produtoras de ‘Ainda estou aqui’.

Ela subirá ao palco e levará uma estatueta para casa em caso de vitória na categoria de melhor filme.

“O desafio agora é consolidar a produção brasileira com políticas públicas que garantam um espaço qualificado para as nossas produções e permitam a continuidade da produção, distribuição e exibição”, aponta a produtora, parceira de longa data de Walter Salles na VideoFilmes.

Idealizadora do podcast ‘Simplificando cinema’, com foco em debater políticas públicas para o audiovisual, a produtora executiva Marina Rodrigues defende a necessidade de se aproveitar o momento para combater deficiências na indústria audiovisual.

“A cota de tela não pode estar sozinha como um mecanismo que assegura espaço aos filmes brasileiros nos cinemas, afinal, nós produzimos quase 200 filmes por ano e muito menos da metade consegue esta exposição ao público”, diz.

“Espero que o governo aproveite esse grande momento e realmente reflita sobre as deficiências que ainda passamos e precisamos superar no investimento em distribuição e comercialização das nossas obras.”

País de honra

E não é só de ‘Ainda estou aqui’ que vive o cinema brasileiro. O audiovisual nacional, que passou por crises recentes com a pandemia e a falta de apoio do governo passado, vive uma espécie de nova retomada. O país teve filmes nas mostras competitivas das últimas edições de Cannes (‘Motel Destino’), Veneza (‘Ainda estou aqui’) e Berlim (‘O último azul’).

Encerrada no final de fevereiro, a 75ª edição do Festival de Berlim chegou ao fim com a conquista do Urso de Prata de Grande Prêmio do Júri por ‘O último azul’, drama do diretor pernambucano Gabriel Mascaro com Denise Weinberg e Rodrigo Santoro no elenco.

“O Grande Prêmio outorgado pelo Festival de Berlim a ‘O último azul’ é um reconhecimento do incrível talento de Gabriel e dos nossos atores e técnicos. A continuidade é fundamental para enraizar uma cinematografia, é isso que Gabriel Mascaro nos ofereceu”, afirmou Walter Salles diante da premiação em Berlim.

Devolvendo o elogio, Mascaro celebra o alcance de ‘Ainda estou aqui’ ao mesmo tempo que aponta a dificuldade de reproduzir o sucesso da obra.

“Independente do resultado do Oscar, toda a campanha linda de ‘Ainda estou aqui’ já representa uma grande vitória para o Brasil. É, inclusive, um aprendizado valioso, pois demonstra que não basta apenas um bom filme, é fundamental uma campanha bem estruturada, com o engajamento de todo o elenco, da imprensa e da cadeia produtiva. A química desse filme vai além da tela, e isso nos inspira uma imensa paixão e torcida”, diz Mascaro.

“O maestro Walter Salles, a guerreira Fernanda Torres e o generoso Selton Mello deram ao Brasil a chance de ver o cinema se tornar um assunto popular, celebrado como o futebol ou carnaval. Ganhar o Oscar tem a magnitude de um gigante portal se abrindo para a produção brasileira nos EUA e no mundo. E agora, mais do que nunca, precisamos continuar trabalhando para manter esse espaço ocupado no Oscar do ano seguinte.”

Na última semana, o Brasil foi anunciado como o “país de honra” na edição 2025 do Marché du Film, área de mercado do Festival de Cannes. A iniciativa faz parte da comemoração dos 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França.

Com informações do Valor Econômico

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