Petrobras irá alterar estratégia de preço dos combustíveis, que ficará abaixo do PPI, diz presidente

Jean Paul Prates diz que nova política de preços deve ser 'melhor opção' e considerar relação da Petrobras com clientes

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, durante coletiva de imprensa. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, durante coletiva de imprensa. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que deve anunciar em breve a nova estratégia da companhia para a precificação de combustíveis, com um patamar abaixo do chamado preço de paridade internacional (PPI), política de preços utilizada atualmente pela empresa atrelada a maior parte do custo operacional dolarizado.

“O que vamos divulgar é a estratégia comercial da Petrobras quanto a preços. Não é política de governo. É o que a Petrobras vai praticar como estratégia comercial respaldada nas vantagens competitivas de produzir e refinar no Brasil”, disse Prates.

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Prates quer nova política de preços da Petrobras por região

O presidente da Petrobras afirmou que a nova política de preços deve ser chamada de “estratégia comercial ou composição de preço” e deve considerar a relação de cada cliente com a companhia.

Prates também afirmou em entrevista a O Globo que a estratégia é “ser sempre a melhor opção onde quer que você esteja em uma área de influência da refinaria”. O modelo a ser adotado será diferente para cada região e para cada cliente, levando em conta o volume comprado e o local de entrega, por exemplo.

Prates afirma que essa nova estratégia levará a um valor “inexoravelmente” mais baixo que o PPI.

“A gente vai fazer com parcimônia e tranquilidade porque não vamos nos desgarrar do preço internacional como uma Venezuela e vender o diesel ao preço que quiser”, acrescentou.

‘Petrobras não é transatlântico’, diz presidente a investidores

Na entrevista, Prates afirmou ainda que encontrou uma empresa “traumatizada” depois das mudanças promovidas durante o governo Jair Bolsonaro. Para ele, a Petrobras seria muito lucrativa por mais sete ou oito anos e depois iria “fenecer”.

Segundo ele, o alto endividamento da companhia nos anos anteriores não pode ser usado como justificativa para o encolhimento da Petrobras.

“Tinha fila aqui para financiar a Petrobras. Mas juntou isso com a crise política. Houve aqui e acolá um ou outro erro de esticar a questão do preço interno. Boa parte da dívida era do fato de você ter feito a megadescoberta e ter que desenvolver”, afirmou.

Outro desafio para nova a gestão, segundo Prates, é harmonizar o perfil do investidor na companhia, que não deve ser aquele que deseja ganhos rápidos. “A Petrobras é uma empresa segura, um transatlântico”, disse o executivo. “O investidor que procura segurança é conservador e aceita rentabilidade menor.”

Paralelamente a isso, Prates defendeu ajustes na política de dividendos, que deve ser discutida no conselho, mas que o nível de distribuição não deve cair até o mínimo obrigatório.

Compra da Vibra Energia

Sobre o retorno ao setor de distribuição, ele disse que a recompra da Vibra (ex-BR Distribuidora) é apenas uma possibilidade.

“Não venderia a BR, tenho que pensar o que faço sem ela: pode ser voltar a ter ela ou pode não ser, pode ter alternativas que me obriguem a acelerar processos da transição energética.”

Ele também criticou o formato de contrato de cessão de direto de uso da marca BR, mas disse que não pretende judicializar a questão.

“A Vibra virou corporation [sem controlador definido]. A gente precisa conversar. Se tem um problema de qualidade do produto, por exemplo, quem se responsabiliza? Ficou um negócio meio cinza”, completou.

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