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Petrobras seguirá pagando dividendos ‘robustos’, diz presidente
Em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre da Petrobras, o presidente da empresa, Jean Paul Prates, disse que a companhia vai manter na sua gestão a robustez na distribuição de dividendos. “A gente pretende ter lucros à altura do lucro aferido agora [no quarto trimestre de 2022]. Imagino que devem ser circunstâncias diferentes, portanto, o desafio é maior”, disse.
Prates assumiu o cargo em janeiro, indicado pelo presidente Lula. O PT critica os pagamentos da Petrobras aos acionistas.
Questionado sobre qual legado quer deixar à frente da Petrobras, o executivo disse que quer mostrar que é bom ser sócio do governo brasileiro em uma atividade estratégica, como é a produção de petróleo. Ele lembrou que a Petrobras completa 70 anos em outubro de 2023 e disse querer deixar uma empresa que viva por mais 70 anos produzindo valor. “Ou seja, uma empresa que sobreviva as intempéries”, disse.
‘Preços competitivos’
O diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Rodrigo Araújo, afirmou nesta quinta-feira (2) que a empresa sempre pratica preços competitivos, mas preços ficaram mais próximos no quarto trimestre.
Segundo ele, que participa de teleconferência com analistas sobre os resultados da companhia no quarto trimestre, a dinâmica da Petrobras é de manter preços competitivos sem repassar completamente a volatilidade para o mercado doméstico.
As afirmações ocorrem dois dias depois da Petrobras anunciar redução de 3,9% nos preços da gasolina e de 1,9% nos do óleo diesel, horas antes do governo anunciar os detalhes da reoneração dos combustíveis.
Araújo disse também que a petroleira segue trabalho contínuo de renovação da contratação de gás natural da companhia.
“Houve um trabalho importante de renovação do mix da carteira de gás em 2022”, disse o diretor financeiro da estatal.
Além disso, salientou, a Petrobras conseguiu, ao mesmo tempo, elevar o fator de utilização e a produção de produtos de maior valor agregado.
“Tivemos algumas despesas não-caixa, como despesas de contingencia e de poços secos”, acrescentou. Em paralelo, destacou Araújo, a Petrobras avançou no desenvolvimento de projetos de águas profundas, “com isso fazemos a baixa”.
Energia renovável ainda não é o foco
A Petrobras vai manter foco na exploração e produção (E&P) e no pré-sal, disse nesta quinta-feira (2) o presidente da companhia, Jean Paul Prates, frisando que o upstream, termo como a extração de petróleo e gás é conhecida, “é nossa atividade principal”.
Segundo Prates, que participou de teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre da companhia, as atividades são próximas, com a presença dos mesmos fornecedores e prestadores de serviços.
“Ninguém se transforma de um dia para o outro. Essa atividade [upstream] vai financiar a outra [da transição energética]”, disse Prates.
O executivo afirmou que a realização de investimentos em renováveis não significa que a empresa vai “deixar de colocar fichas” no pré-sal e na Margem Equatorial, que é considerada uma nova e importante fronteira exploratória.
Para ele, a migração para o gás natural também é uma forma de se fazer transição energética. “Podemos alimentar a transição energética sem tirar o foco do pré-sal”, reiterou o executivo.
Prates avalia que a empresa “não consiga” direcionar 20% a 25% dos investimentos para atividades da transição energética, incluindo o biorrefino. O presidente da Petrobras destacou que quando entrarmos no mercado de hidrogênio, “vamos entrar firme e sabendo o que estamos fazendo”.
A Petrobras deve “aumentar um pouco a atenção” para as energias renováveis, que não podem mais serem consideradas como “alternativas” diante do fato dessas fontes serem uma realidade no cenário energético, ainda de acordo com Prates.
Transição com hidrogênio
Na teleconferência, Jean Paul Prates, disse que a companhia não vai se engajar sozinha na fronteira do hidrogênio. Segundo ele, o hidrogênio é uma fronteira muito nova e desafiadora e que “provavelmente” vai precisar de subsídios.
“Acho que se a gente tiver incentivos, induções para que a transição com o hidrogênio seja mais rápida, será bem-vinda”, disse Prates.
Porém, o executivo destacou que o hidrogênio não seria o carro-chefe da petroleira na transição energética e que esses subsídios “não estão em tela hoje”, muito menos via dividendos.
Prates defende o direcionamento de parte dos recursos distribuídos aos acionistas para elevar investimentos em projetos ligados à transição energética. O executivo afirmou ainda que o marco legal do hidrogênio ainda está sendo discutido no Congresso Nacional.
Para ele, o investidor vê vantagem em ser sócio do Estado brasileiro, no que se refere às mudanças de diretrizes da companhia. “Tem que ser bom ser sócio do Estado”, disse.
Imposto sobre exportações de petróleo cru
Jean Paul Prates classificou o imposto sobre exportações de petróleo cru, de 9,2%, como desproporcional, uma vez que a tributação representa para a companhia US$ 9 milhões por dia.
Ao participar de teleconferência com analistas para comentar os resultados do quarto trimestre, Prates destacou que há outras companhias com exportações maiores do que as da Petrobras, sendo do interesse delas discutir o tema com o governo.
A medida provisória sobre a tributação estabeleceu uma incidência temporária, por quatro meses, tempo da tramitação da proposta.
Prates sinalizou ser contra a taxação, afirmando que prefere ter a expectativa de induzir o desenvolvimento do mercado doméstico e as vendas internas de outras maneiras. Para ele, há outras formas de o setor de petróleo contribuir com o governo para a recomposição de receitas perdidas.
Guerra na Ucrânia
A Petrobras manteve “preços competitivos sem repassar volatilidades num ano extremamente desafiador” com a guerra na Ucrânia, que completou um ano na semana passada, disse o CFO da companhia.
Segundo ele, nas emissões de CO2 a empresa apresentou um resultado bastante abaixo do limite. “Isso nos coloca num posicionamento importante da transição energética e de colocação em mercados como europeu e americano”, disse Araújo.
O presidente da companhia, Jean Paul Prates, destacou que a posição da Petrobras em águas profundas os coloca em posição privilegiada para atuar em projetos de eólicas em alto mar. Da mesma forma, a posição atual em gás natural deixa a petroleira em posição privilegiada para atuar no segmento de eólicas offshore. “Reitero nossa ambição em reduzir nossas emissões em prazo compatível com o Acordo de Paris”, disse Prates, também durante a teleconferência.
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