Economia brasileira tem mais motivos para surpreender do que decepcionar em 2025

A economia brasileira tem mais motivos paras surpreender do que decepcionar em 2025. Esta é a avaliação do Itaú Unibanco, que manteve projeção de crescimento para o PIB do Brasil em 2025 em 2,2%, acima da mediana de 2% da pesquisa Focus emitida pelo Banco Central.
Natália Cotarelli, economista do Itaú, destaca mais vieses positivos do que negativos, incluindo a criação do crédito consignado para funcionários formais de instituições privadas e um desempenho forte do agronegócio no primeiro trimestre como razões para alavancar o crescimento da atividade neste ano.
Nesse sentido, o consignado privado deve elevar a carteira de crédito de funcionários do setor privado de R$ 40 bilhões para R$ 120 bilhões, de acordo com o Ministério da Fazenda. “A parte de risco negativa para o PIB é justamente a contração do mercado de crédito”, destaca Natália.
PIB do Brasil deve voltar a crescer no 1º trimestre, diz Cotarelli
Para a economista do Itaú Unibanco, o PIB do Brasil deve abandonar a tendência de desaceleração no 1º trimestre de 2025 impulsionado pelo forte desempenho do setor do agronegócio via colheita da chamada supersafra. Esse efeito, inclusive, deve se estender para o 2º trimestre, aponta Natália Cotarelli.
O PIB cresceu 3,4% em 2024, maior elevação desde 2021. Contudo, a atividade perdeu força no quarto trimestre, com expansão de 0,2% diante dos três meses anteriores.
“O PIB vai voltar a crescer nos primeiros três meses pela parte do agro contratada no resultado”, diz ela. O Itaú também antecipa forte desempenho dos setores de comércio e serviços. Este último deve voltar a crescer na base trimestral após recuar 0,1% no quarto trimestre, para além das expectativas de economistas.
“Vemos uma aceleração da economia na margem”, afirma Natália. Contudo, o PIB do Brasil deve mostrar sinais de fadiga no segundo semestre, com o efeito da alta dos juros na economia.
Mesmo com o PIB do quarto trimestre crescendo 0,2%, abaixo do que esperava o mercado financeiro, Natália descarta o efeito mais forte dos juros altos no primeiro trimestre. O Itaú mantém sua previsão de que a Selic deve atingir o pico do ciclo de alta em 15,75% ao ano. E de que o Banco Central não vai cortar juros em 2025.
Agronegócio pode ser motor da economia de novo
O resultado do agronegócio entre janeiro e março pode levar o PIB do Brasil a surpreender economistas em 2025. O setor, diz Natália Cotarelli, pode ser um dos maiores motores da economia do País em 2025.
Semelhante ao cenário de 2023, o agronegócio deve transferir boa parte dos ganhos em produtividade para outros setores. Isso do lado da oferta.
“Um PIB agro mais forte causa efeito de transbordamento para a economia”, comenta Natália.
O governo lançou uma medida para estimular a economia, como a possibilidade de resgate do FGTS para quem optou pelo saque-aniversário e foi demitido até 28 de fevereiro. Mas o principal pacote capaz de mexer nos ponteiros é a criação do consignado privado.
Natália explica que transferências do governo devem cair em 2025 frente a 2024. Ao mesmo tempo a nova modalidade do consignado ataca a desaceleração do crédito.
Concessões de crédito recuaram 0,2% em dezembro frente a novembro, de acordo com dados do Banco Central. O spread bancário registrou queda de 1,7 ponto percentual em 2024 na comparação com 2023
“A parte de risco negativa para o PIB do Brasil de 2025 é o mercado de crédito”, destaca a economista do Itaú. “O desempenho do mercado de crédito vem mostrando um forte contração ao longo dos últimos meses.”
Por fim, a economista espera resiliência maior de serviços para o ano, movimento motivado pelo mercado de trabalho mais estável. A taxa de desemprego deve manter-se em 2025. Segundo Natália, saindo de 6,6% para 6,8% até dezembro.
“O mercado de trabalho trabalha com um certo atraso frente a queda de atividade do PIB do Brasil. Primeiro vem a desaceleração da economia e depois o aumento do desemprego”, pontua.
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