Desaceleração do PIB no 4º tri reduz impulso para 2025; reação do governo preocupa mercado
PIB sentiu deterioração dos principais indicadores no segundo semestre de 2024, o que pode esfriar ainda mais a economia em 2025

O PIB do Brasil em 2024 cresceu 3,4%, o melhor resultado desde 2021. Porém, o desempenho no segundo semestre mostra que a desaceleração já começou. O crescimento no quarto trimestre foi de 0,2% contra o 0,7% do período anterior.
Assim, o resultado para o último trimestre mostra que os efeitos da política contracionista do Banco Central já apareceram. Isso pode incentivar o governo a reagir ao esfriamento da economia com medidas mais expansionistas, dizem os analistas. O que assusta o mercado.
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“A economia brasileira sentiu integralmente o efeito deletério causado pela deterioração de seus principais indicadores macroeconômicos”. A avaliação é da CM Capital, em comentário assinado por Carla Argenta e Matheus Pizzani.
Eles destacam “o câmbio e a inflação, que impuseram um freio ao ritmo de crescimento a partir da corrosão da renda disponível das famílias”.
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Agora, para 2025, a expectativa do mercado é de crescimento do PIB perto de 2%, mas em tendência de queda. Os ganhos para este ano estarão correlacionados em grande escala a um carrego do ano anterior e à alta do PIB do agro, que deve crescer mais.
Contudo, segmentos que puxaram a economia no ano passado devem sofrer mais neste ano.
Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, destaca que o crescimento de 2024 esteve sustentado em serviços e expansão do crédito, “algo que não esperamos para 2025, como efeito de juros em níveis mais elevados”.
O Itaú tem sentimento um pouco mais positivo que a média do mercado e vê o PIB crescendo 2,2% até o final do ano. Além disso, diz que espera alguma recuperação do crescimento já nos primeiros meses de 2025.
Patamares mais orgânicos em 2025
Nesse sentido, o resultado de 2024 está bem acima do PIB potencial do País, que é entre 1,5% e 2%. A avaliação é de Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
Nesse cenário, “o ano de 2025 deve marcar uma desaceleração no ritmo de crescimento na esteira do que foi confirmado pela divulgação de hoje”, diz Cunha.
Inclusive, a desaceleração já observada no ano que se encerrou reduz o “carrego estatístico” para 2025. Isso quer dizer que o impulso que geralmente o ano anterior dá ao PIB do ano seguinte deve ser menor que o esperado. Assim, pode haver revisões baixistas para o PIB ao longo de 2025, na visão de Cunha.
PIB 2024 e a reação do governo
Apesar de se tratar de uma “desaceleração ordenada”, como menciona Cunha, há uma apreensão com relação ao que o governo deve fazer diante da queda da popularidade de Lula.
O analista diz que “cresce a apreensão quanto à reação política quando os dados começarem a confirmar menor dinamicidade na economia, especialmente no mercado de trabalho”.
Moreira, da WMS, diz que a liberação do saldo integral dos depósitos relacionados ao saque-aniversário do FGTS indica uma postura do governo de querer manter a roda girando.
O Bank of America, em relatório, diz enxergar riscos no “emprego de políticas de crédito, fiscais e parafiscais para estimular a atividade, pois a popularidade presidencial está decaindo”.
Contudo, as ações de incentivo devem seguir sendo freadas pela demanda do mercado por uma redução do risco fiscal. Assim avaliam os economistas da CM.
Assim, “a perspectiva é que haja menor propensão a consumir e a investir no decorrer do ano, reflexo do crédito mais caro, menor nível de renda disponível e deterioração das expectativas dos agentes”, segundo Pizzani e Argenta.