PIB mais fraco no 4º trimestre pode antecipar fim do ciclo de alta da Selic?

Após três trimestres consecutivos de crescimento médio acima de 1%, o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) perdeu força no 4º trimestre de 2024. Conforme o IBGE, a expansão da atividade no período ficou em 0,2%.
Entre os desdobramentos, a desaceleração esperada da economia deve calibrar as expectativas para as próximas reuniões do Copom. Em suma, o que o comitê de política monetária pretende fazer depois de março.
Como mais um aumento de 1 ponto percentual da Selic já está garantido, elevando a taxa para 14,25%, o mercado avalia até quando vai o ciclo de alta.
PIB do 4º trimestre e os rumos da Selic
Atualmente, aponta o BTG em relatório, os economistas estão convergindo para a visão de que o aperto monetário pode terminar em maio. Isso com uma Selic terminal entre 14,75% e 15,25%.
Então, prossegue o banco, quando as taxas pararem de subir, os mercados, naturalmente, começarão a discutir quando e quanto elas poderão cair.
“A esperança de cortes nas taxas viria de um declínio mais acentuado na atividade econômica que poderia reduzir as pressões inflacionárias”, indica o BTG.
“Além disso, uma safra forte e a valorização do real neste ano (+7%) podem ajudar a reduzir a pressão sobre os preços dos alimentos”, acrescenta o banco.
Depois do PIB, foco no mercado de trabalho e na inflação
Então, a equipe macroeconômica do BTG Pactual continua cética quanto à existência de espaço para que a Selic comece a cair este ano. Ainda que o banco projete um crescimento mais lento do PIB em 2025 do que no ano passado (1,5% vs. 3,5%).
Embora também a taxa de desemprego possa aumentar em 2025 (7,1% vs. 6,5% atualmente), o BTG avalia que mercado de trabalho deve permanecer apertado.
Tudo isso deve manter a inflação sob pressão ao longo do ano. Especialmente os preços dos alimentos e de alguns produtos industriais.
“Os preços indexados de alguns serviços (como aluguéis) e as tarifas reguladas podem continuar subindo. Atualmente, nossa equipe está modelando um índice de preços ao consumidor de 5,7% para 2025, o que deixa pouco espaço para o Banco Central flexibilizar a política monetária no curto prazo”, reitera o BTG.
Governo Lula vai deixar o PIB desacelerar demais?
Ainda no relatório, o BTG avalia o lado político de um PIB mais fraco no 4º trimestre – e ao longo de 2025. O entendimento do banco é que o governo federal deve ampliar esforços para estimular a economia.
“Se a atividade econômica desacelerar o suficiente para reduzir as pressões inflacionárias, o possível impacto negativo sobre a popularidade do governo antes de um ano de eleição presidencial pode ser suficiente para pressioná-lo a adotar medidas para reacender a economia (por meio de estímulos fiscais adicionais ou medidas parafiscais, por exemplo)”, sinaliza o BTG.
“Essas medidas podem aumentar os prêmios de risco, pressionar o real e dificultar o processo de desinflação, acreditamos”, completa o banco.
Em linhas gerais, pode manter a Selic em patamar elevado por mais tempo.
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