Goldman Sachs: Dividendo da Petrobras pode ser ‘significativamente reduzido’ em novo governo
Analistas repercutem plano estratégico da Petrobras 2023-2027, divulgado na última quarta-feira (30)
A Petrobras (PETR3 e PETR4) divulgou seu plano estratégico na quarta-feira (30), que abrange as ações a serem tomadas entre 2023 e 2027, contemplando os quatro anos do próximo governo, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta quinta (1), analistas do mercado financeiro apontam suas percepções sobre o programa da estatal brasileira.
A Petrobras apresentou seu plano sem grandes mudanças na estratégia, mas deve ser revisado pelo novo governo, especialmente com relação aos pagamentos de dividendos, que podem ser significativamente reduzidos, diz Goldman Sachs, em relatório.
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Os analistas do Goldman Sachs Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins escrevem que o aumento do investimento em cerca de US$ 10 bilhões ante o plano anterior provavelmente pode ser atribuído, pelo menos em parte, à inflação, em oposição a mudanças relevantes na estratégia.
Segundo eles, o novo presidente eleito e sua equipe de administração têm falado sobre a revisão do plano estratégico da Petrobras quando assumirem o cargo em 2023. “Portanto, não esperamos que o mercado desconsidere as perspectivas mencionadas, especialmente com relação aos pagamentos de dividendos, que podem ser significativamente reduzidos pelo novo governo.”
Entre os destaques do novo plano, os analistas citam ainda a estabilidade na produção de petróleo, os dividendos esperados de entre US$ 65 bilhões e US$ 70 bilhões e o compromisso de gestão ativa do portfólio, com desinvestimento esperado entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.
O Goldman Sachs tem recomendação neutra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 13,60, potencial de alta de 16,3% ante o fechamento de ontem a Bolsa de Nova York.
Credit Suisse
Para analistas do Credit Suisse, o novo plano estratégico da Petrobras segue as mesmas diretrizes dos planos recentes, com foco em práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) e geração de valor em ativos principais, em especial o pré-sal, disse o banco, em relatório. O plano, porém, pode ser revisto, diz o banco.
Os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero escrevem que o investimento de cinco anos aumentou US$ 10 bilhões, mas isso não mudou a capacidade de fornecer aos acionistas retornos substanciais, com dividendos para os próximos cinco anos projetados em US$ 80 bilhões, equivalente 110% do valor de mercado atual da Petrobras, uma prova da força financeira da empresa.
Para os analistas, a avaliação continua sendo uma qualidade positiva do caso da Petrobras, ainda mais se os preços do petróleo permanecerem em níveis elevados por mais tempo. Apesar da avaliação atraente, porém, o aumento da percepção de risco continuará a pesar sobre a Petrobras, e é esperada volatilidade nos próximos meses, dizem os analistas.
Eles afirmam ainda que o plano de cinco anos pode ser revisto, e pode haver uma revisão material do plano de negócios em 2023. “Estamos particularmente preocupados com a alocação de capital, mas as dúvidas sobre a continuidade da política de preços e de dividendos aumentam as incertezas.”
O Credit Suisse tem recomendação de compra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 16, potencial de alta de 36% ante o fechamento de ontem na Bolsa de Nova York.