Agenda desta década vai aprofundar crédito e mercado de capitais, afirma Haddad

Futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad afirmou nesta terça-feira que uma das intenções da política econômica do governo de Lula é ampliar a agenda do crédito e do mercado de capitais no país. “Em 2003, fizemos grande agenda de crédito do Brasil, com responsabilidade. Bancos ficaram robustos porque eram programas corretos”, destacou o ministro.
Questionado sobre nomes para as presidências da Caixa Econômica Federal e para o Banco do Brasil, Haddad afirmou que as equipes estão sendo definidas diretamente pelo presidente eleito. “Sem educação de qualidade e crédito, não há economia que prospere”, falou o ministro durante a coletiva em que anunciou Bernard Appy como secretário especial para reforma tributária.
Haddad disse que, na sua avaliação, ao comentar o papel dos bancos públicos, “o mundo mudou muito de 2003 pra cá”. “Há players novos no mercado, regulação nova prosperando. Existem bancos fortes sem agência. Você pode garantir mais concorrência, flexibilidade, a partir de instrumentos tecnológicos que não estavam disponíveis”, disse o futuro ministro da Fazenda.
“Você pode ter profusão de agentes que podem fazer spreads caírem; a agenda é outra, mas sem prejuízo da ação do BB e Caixa”, comentou o ministro. Haddad comentou que o governo não terá “nenhum preconceito em sentar com o Sistema Financeiro Nacional para discutir as regras”.
Ele comentou o papel do Banco do Brasil no agronegócio e o papel da Caixa nos programas sociais, respectivas áreas-chave dos dois bancos públicos. “Considero que, para democratização do crédito, vamos contar com um mundo novo, para queda do spread”, disse.
Ao comentar o atual cenário concorrencial no sistema financeiro, ele também exaltou o Pix, desenvolvido pelos servidores do Banco Central desde 2018 e colocado em vigor durante a gestão do presidente Roberto Campos Neto. “Você pode ter Pix parcelado, sistema de crédito por Pix.”
Parcerias público-privadas
Haddad exaltou o papel das parcerias público-privadas, que, em sua opinião, “ajudou a destravar investimentos”. Ele considerou aos jornalistas, no entanto, que “há travas que podem ser superadas”. “Há necessidade de investimento de longo prazo que nem sempre cabe no mercado de capitais, que exige a participação do Estado, com PPPs”, afirmou Haddad.
“Por exemplo, mobilidade urbana; nem sempre para fazer um metrô a conta fecha com mercado de capitais; a ideia da PPP é exatamente essa”, exemplificou Haddad. Ele destacou que há “muitos modelos de parceria”, ao comentar o Minha Casa Minha Vida. “É um modelo de parceria, porque uma parcela não tem renda para fechar a conta.”
“Isso tem que ser muito bem pensado para não virar panaceia; setor privado é imprescindível, porque ajuda o Estado a não errar”, falou o futuro ministro da Fazenda.
Transição
Haddad afirmou também que, após se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sentiu um “clima ótimo, transição está com cordialidade, transparência, ambiente republicano”, ao se referir a Guedes. “Espero mesmo coisa do BC, pela maneira como Roberto Campos nos recebeu”, disse.
Um pouco antes, ele considerou que a conversa com Campos Neto “foi muito franca”, ao dizer que o novo governo está vivendo uma “experiência nova” em razão da independência do Banco Central. “Tem uma questão institucional que começou bem, alinhamos conceitos, desenhando cenários de discussão, de como proceder, trocar diagnósticos, interagir”, considerou o futuro ministro da Fazenda.
Ele voltou a repetir que, em sua visão, “a lambança eleitoral é compartilhada por 90% dos economistas sérios do Brasil”, mas disse que a economia brasileira “é grande, pujante”.
Fórum Econômico Mundial
Haddad afirmou que vai discutir com Lula a conveniência de ir para Fórum Econômico Mundial, que acontecerá em janeiro de 2023, no primeiro mês do novo governo.
Aos jornalistas, Haddad comentou que foram assumidos compromissos na agenda ambiental que serão cumpridos. Ele citou, por exemplo, a ex-ministra Marina Silva, cotada para comandar a pasta do Meio Ambiente em 2023.
“Presidente Lula pode ter grande capacidade de atração de investimento externo no Brasil; essa questão (ambiental) isolou o Brasil do resto do mundo”, afirmou Haddad, ao dizer que essa agenda está “na ordem do dia”.
“Isso pode dinamizar crescimento dos próximos anos. Tem muita coisa no âmbito de áreas degradadas, tem investidores querendo recuperar essas áreas. Temos terra nua e degrada que pode ser recuperada e colocada à disposição dos produtores”, completou o futuro ministro da Fazenda.
Por Estevão Taiar e Guilherme Pimenta
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