PT diz que PEC da Transição é ‘plano A’, mas avalia outras três alternativas para assegurar recursos

Possibilidades são mencionadas em reuniões de negociação da proposta que busca abrir espaço para gastos no Orçamento de 2023

Reunião do Conselho Político da Transição — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Reunião do Conselho Político da Transição — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O “plano A” dos petistas é a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) da Transição para liberar espaço no Orçamento para garantir os R$ 600 do Auxílio Brasil, investimentos e gastos em 2023. Mas negociadores do partido têm citado nas reuniões outras possibilidades, como a edição de uma medida provisória (MP) com abertura de créditos extraordinários, recorrer à edição de um estado de calamidade pública ou ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Essas possibilidades são aventadas para contrapor a possibilidade de redução do prazo de vigência da PEC e do valor liberado para além do teto de gastos. Os petistas querem ampliar o teto (que limita as despesas do governo federal) em R$ 200 bilhões por quatro anos, mas parte do Congresso disse que só aceita um valor menor, de cerca de R$ 80 bilhões, e por só um ano.

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Na prática, a prorrogação por apenas um ano significa cobrar do PT uma nova regra fiscal para o novo mandato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O valor de R$ 80 bilhões seria suficiente apenas para manter o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600 (no Orçamento de 2023, há espaço apenas para R$ 400) e dar um adicional de R$ 150 por criança de até seis anos beneficiária do programa de transferência de renda.

Para aprovar a PEC, o governo eleito precisa do apoio de três quintos dos deputados e de três quintos dos senadores em duas votações em cada uma das Casas legislativas. Nas reuniões fechadas, os petistas têm dito que, se for por apenas um ano e com valor apenas para o programa de transferência de renda, não faz sentido o esforço para aprovar uma PEC.

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Eles insistem no prazo de quatro anos e com valor superior para garantir o aumento dos investimentos, custeio dos gastos com saúde, educação e cultura, concessão de ganho real para o salário mínimo e pagamento de um reajuste salarial para os servidores federais.

Esses instrumentos, apurou o Valor, seriam editar uma medida provisória (MP) com créditos extraordinários, mediante um aval já indicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU); ou recorrer ao STF pedindo uma suspensão temporária do teto para cumprir a sentença que determinou, no ano passado, o pagamento de uma renda mínima para os brasileiros.

De acordo com petistas, parte do PT e de aliados como o MDB, na verdade, torce por essas saídas alternativas. Entendem que o governo eleito mal assumiu e já está refém do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para aprovar a PEC e que é melhor negociar com o novo Congresso. Outros integrantes do partido, contudo, rebatem que Lira já é favorito e está praticamente reeleito mesmo sem essa dependência e que, por isso, tanto faz a PEC ou não.

Outra manobra estudada é que Lula peça ao Congresso para declarar estado de calamidade pública por “comoção interna” com a redução do Auxílio Brasil de R$ 600 para R$ 400 diante de milhões de pessoas passando fome. Neste caso, contudo, seria preciso iniciar as negociações com o novo Legislativo ou convocar os congressistas no meio de janeiro para dar aval aos gastos extraordinários. É uma alternativa com menor força atualmente.

Em todos estes casos, contudo, só haveria dinheiro para garantir os R$ 70 bilhões adicionais para o Auxílio Brasil (e ainda passíveis de contestação judicial). O valor para os investimentos, valorização do salário mínimo e garantia do custeio de outras áreas, como saúde e educação, dependeriam de negociações com o futuro Congresso sobre mudanças no teto de gastos.

Há ainda um problema adicional, como mostrou o Valor na segunda-feira: a queda da inflação no fim do ano forçará o governo eleito a cortar em R$ 27,2 bilhões os gastos previstos no projeto de lei orçamentária anual (PLOA) de 2023. Isso porque a proposta foi encaminhada com a estimativa de que a inflação estaria em 7,2%, mas os indicadores agora apontam 5,8%.

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