Análise: Bolsonaro ameaça não aceitar resultados das eleições

Apesar dos problemas no campo ideológico, Bolsonaro teve vitórias importantes na economia na semana, diz Fábio Zambeli, do JOTA

A semana começou com o presidente Jair Bolsonaro criando um fato político internacional, ao anunciar para um grupo de embaixadores no Palácio da Alvorada e com transmissão ao vivo pela TV oficial do governo que não aceitará o resultado da eleição caso o TSE não acate as sugestões feitas por uma ala das Forças Armadas, o que é bastante improvável que aconteça. O discurso foi acompanhado de ataques aos ministros do Supremo e repetição de teorias jamais comprovadas sobre a segurança das urnas eletrônicas.

Bolsonaro, contudo, não foi bem-sucedido em sua estratégia de internacionalizar a crise. Isso porque duas das principais potências ocidentais, os Estados Unidos e o Reino Unido, vieram a público manifestar total confiança no TSE e no sistema brasileiro de votação, indicando que vão reconhecer o resultado da eleição de outubro imediatamente, qualquer que seja o vencedor.

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Em outra frente, o encontro de Bolsonaro com embaixadores acabou aproximando dirigentes de partidos importantes de centro, que vinham seguindo caminhos distintos na campanha. Sob a liderança do ex-presidente Michel Temer, esse bloco partidário passou a discutir uma conduta mais incisiva contra eventuais tentativas de ruptura institucional. Seja com uma nova candidatura de centro ou com um alinhamento a Lula já no primeiro turno. Essas negociações estão ocorrendo e a principal prejudicada pode ser Simone Tebet, já que o MDB, seu partido, está rachado e coloca em dúvida até a convenção que oficializará o nome da senadora.

Apesar dos problemas no campo ideológico, Bolsonaro teve vitórias importantes na economia. Além das projeções positivas de emprego e inflação, o presidente pôde anunciar mais uma queda no preço dos combustíveis, agora com o corte feito pela Petrobras. A redução é substantiva nas principais cidades, somando-se o limite do ICMS e a nova medida da Petrobras, a gasolina chegou a baixar quase um real e cinquenta centavos.

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E foi a semana de largada das convenções partidárias. Ciro Gomes, do PDT, foi o primeiro candidato a ser homologado, no dia 20, até para driblar as pressões para que ele desistisse. No dia seguinte, foi a vez da formalização da chapa de Lula e Geraldo Alckmin, que lidera as pesquisas.

E Bolsonaro tem sua grande festa convencional domingo no Maracanãzinho. É a cara da campanha que vai começando a ficar mais definida. Semana que vem tem mais.

(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo)
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