Análise: Debate final tem ataques, festival de direitos de respostas e cenas de pastelão
Último encontro dos candidatos na TV pode selar algumas tendências, mas teve pouco impacto para a eleição, diz Fábio Zambeli, do JOTA
O debate final da TV Globo foi marcado por troca de ataques, um festival de direitos de respostas e cenas de um verdadeiro pastelão que produziu muitos memes, mas pouco efeito nas intenções de voto.
Jair Bolsonaro (PL) foi instruído pelo filho Carlos, que o acompanhava no estúdio e optou por levar ao público todos aqueles itens básicos da sua agenda ideológica para se contrapor a Lula (PT). Até a morte de Celso Daniel foi abordada pelo presidente.
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O objetivo era claramente desestabilizar o petista, que lidera as pesquisas, e gerar recortes para as redes sociais.
Ouça o comentário de Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA:
Lula, embora tenha respondido com mais tenacidade que no debate anterior, da Band, acabou caindo na cilada montada por Bolsonaro, que escalou o candidato do PTB, Padre Kelmon, como linha auxiliar. No confronto com o enviado de Roberto Jefferson, delator do mensalão, Lula se perdeu e trocou insultos com uma figura irrelevante e pautada para irritá-lo. O resultado é que as imagens do episódio serão usadas para validar a ideia de que ele supostamente persegue religiosos, muito usada em setores do meio evangélico.
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Fora esse episódio, o debate tinha o objetivo de dar uma tribuna para Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que precisavam fazer um apelo quase desesperado contra o voto útil. Nesse ponto, Simone se destacou, com uma participação mais propositiva, o que tende a agradar o eleitor de centro no meio do show de baixarias do embate realizado no Projac.
Ciro, no entanto, não conseguiu passar o seu recado. Se enrolou numa esquisita tentativa de emparedar Lula e mostrou-se um personagem deslocado, fora do timing do debate e com um discurso pouco convincente. Ele, sim, pode ter perdido uma chance de defender seu capital político, sob intenso ataque na reta final do primeiro turno.
Foi um debate com pouco impacto no resultado da eleição, mas que pode selar algumas tendências como o esvaziamento de Ciro, o que ajuda Lula, um ligeiro crescimento de Simone e um sentimento geral de aumento de rejeição aos principais candidatos.
No fim das contas, o que deve definir a realização ou não de segundo turno será mesmo a abstenção entre os eleitores de Lula.
Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo