Análise: Lula mostra preocupação em manter a popularidade

Segundo pesquisas, ele assume com os menores índices de expectativa de sucesso desde a redemocratização

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reage ao falar ao lado de sua esposa Rosangela "Janja" da Silva no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, 1º de janeiro de 2023. REUTERS/Adriano Machado
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reage ao falar ao lado de sua esposa Rosangela "Janja" da Silva no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, 1º de janeiro de 2023. REUTERS/Adriano Machado

Empossado presidente, Lula deu indicativos de como será seu terceiro mandato à frente da Presidência: politicamente, manterá o tom de campanha para denunciar o que chama de ‘desmanche’ promovido pelo seu antecessor e enfatizando os gastos sociais para as pessoas que dependem mais dos recursos do Estado.

E isso é importante porque mostra a preocupação do presidente em manter sua popularidade diante de uma situação desafiadora: segundo as pesquisas, ele assume com os menores índices de expectativa de sucesso desde a redemocratização.

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Ao mesmo tempo, tentará acenar para uma parcela dos eleitores de Bolsonaro no sentido de reduzir a divisão do país, que, a depender da mobilização da oposição, pode afetar sua governabilidade. O petista buscou separar os seus detratores em dois segmentos, destacando que apenas uma minoria seria antidemocrática, extremista e golpista.

No primeiro discurso, tão logo foi oficializado presidente no Congresso Nacional, Lula fez uma fala de cerca de 30 minutos com forte conteúdo político em que ele procurou enfatizar as diferenças com Bolsonaro. Falou para o Parlamento onde ainda não tem uma maioria folgada para governar num tom que demonstrava até um pouco de sentimento de revanche com os opositores.

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Depois, mais influenciado pela comoção do contato com o povo e após receber a faixa presidencial no parlatório do Planalto, procurou falar para o conjunto dos eleitores e prometeu não olhar para o retrovisor e governar para todos e todas. Ressaltando que a eleição acabou e a necessidade de evitar o clima de guerra permanente e combater a divisão do país.

Ênfase ao social

O ponto comum nos dois pronunciamentos foi a ênfase no social, que foi um marco da disputa eleitoral. Combate à desigualdade foi a palavra-chave das duas falas, além das mensagens endereçadas às minorias, à defesa do meio ambiente e outros mantras do palanque eleitoral.

Crítica ao teto de gastos

Na economia, destaque para a crítica veemente ao teto de gastos e o enfrentamento à narrativa de que seu governo será de ‘gastança’, sem que ele desse uma explicação consistente sobre como fará para equilibrar as contas públicas diante de tantas demandas de despesas.

Jogo democrático

De forma geral, os apoiadores do presidente festejaram o tom do petista e os opositores criticaram, como é parte do jogo democrático.

Mas quem esperava que as palavras de Lula tivessem um poder catalisador de forças, de superação de diferenças, se frustrou um pouco.

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