Análise: Lula recorre a artistas para evitar abstenção; Bolsonaro deve subir o tom na TV

Petista turbina ofensiva para convencer base social a comparecer às urnas; presidente tende a radicalizar no questionamento do sistema eleitoral

Lula se reúne com artistas em São Paulo nesta segunda-feira (26/9). Crédito: Ricardo Stuckert
Lula se reúne com artistas em São Paulo nesta segunda-feira (26/9). Crédito: Ricardo Stuckert

A persistência das oscilações positivas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas principais pesquisas, ampliando a possibilidade de decisão da eleição presidencial no primeiro turno, estimulou a campanha petista a dobrar a aposta na caça ao voto útil na reta final.

A estratégia do núcleo do QG lulista é atuar em duas frentes: uma política e voltada especialmente para a captura dos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e outra destinada especialmente para nichos menos politizados do eleitorado, tendo à frente expoentes da classe artística, hoje muito engajada na ofensiva do ex-presidente.

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Nesse espectro menos identificado com o viés ideológico da disputa presidencial, a mobilização pretendida por Lula é a anti-abstenção. Os influenciadores que se aproximam do petista estão sendo abordados diretamente para atuarem em defesa da maior taxa de comparecimento dos seus públicos.

“O presidente não pede voto. Só pede que eles usem suas redes de influência para pedir que os eleitores compareçam às urnas”, afirma uma fonte do núcleo-duro lulista. O entendimento é o de que muitas celebridades do mundo artístico e dos esportes estão impedidos de expressar publicamente sua opção eleitoral, mas podem agir como multiplicadores para que a mensagem chegue à base social do ex-presidente, notadamente maior entre os eleitores de menor renda.

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Já o movimento para ampliar o respaldo a Lula no mundo jurídico também vem sendo impulsionado e teve um reforço de peso nesta segunda: a campanha do PT comemorou a adesão do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, um dos algozes de Lula no caso do Mensalão.

‘Tudo ou nada’

No QG de Bolsonaro, a pesquisa Ipec, que aponta Lula com 52% dos votos válidos, é vista com ceticismo, mas provoca frustração.

“Se [a pesquisa] estiver correta, acabou a eleição. Mas temos outros números”, disse uma fonte credenciada da campanha bolsonarista ao JOTA na noite desta segunda-feira.

Os auxiliares do presidente apostam numa diferença de 7 a 9 pontos percentuais entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Já o tracking interno, feito com metodologia distinta, apontava empate técnico durante 40 dias e identificou a ultrapassagem do petista no dia 19 deste mês — quadro que se manteve estável desde então.

No campo da estratégia eleitoral, a campanha de Bolsonaro demonstra ter pouca munição para os últimos dias. Depois de uma intervenção informal na produção de programas de TV, a ideia agora é explorar vídeos curtos que possam viralizar, explorando declarações recentes de Lula em comícios e em entrevistas.

A última delas, em entrevista ao SBT, durante a qual o petista chamou Bolsonaro de “capiau” do interior de São Paulo, em tom pejorativo, o que seria um ativo político a ser explorado no maior colégio eleitoral do país.

No discurso, contudo, Bolsonaro tende a radicalizar cada vez mais no campo dos costumes e na contestação às urnas.

Em sabatina da TV Record, exibida nesta segunda à noite, o presidente voltou a colocar em dúvida a lisura do processo eleitoral. Repetiu que, se não vencer no primeiro turno, “algo de errado” estaria acontecendo no TSE e admitiu que poderá contestar o resultado do pleito, caso seja derrotado.

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