Análise: TV impulsiona candidatos de centro, e TSE age em defesa das urnas

Entenda os principais fatos políticos da semana com Fábio Zambeli, do JOTA

O início da campanha eleitoral na TV, com as sabatinas, as inserções de propaganda e o primeiro debate, provocou poucas mudanças nas intenções de voto de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Os dois candidatos permanecem estáveis num patamar bastante superior ao de seus adversários.

O único movimento, absolutamente previsível, foi o ligeiro crescimento das candidaturas de centro. Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que aumentaram muito a visibilidade com o chamado “palanque eletrônico”, oscilaram positivamente nas pesquisas. Nada garante, contudo, que esse crescimento seja sustentado nas próximas semanas.

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Isso porque é mais que natural que exista na reta final do primeiro turno uma espécie de ataque especulativo a essas candidaturas de terceira via com um apelo de Lula e Bolsonaro pelo que se chama de “voto útil”. Ou seja, há uma possibilidade nada desprezível de que Ciro e Tebet cresçam, mas percam tração perto do dia 2 de outubro.

E no TSE, Alexandre de Moraes continua operando politicamente para diminuir o questionamento às urnas eletrônicas e esvaziar movimentos contra o Judiciário no 7 de Setembro.

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Nesta semana, o ministro conseguiu uma espécie de trégua com os militares, mesmo sem atender as recomendações feitas pelas Forças Armadas para aprimorar o sistema de votação e apuração. E, de quebra, montou um núcleo de inteligência com representantes das polícias militares estaduais, um reduto tradicional de apoio a Bolsonaro.

Essas iniciativas ocorrem ao mesmo tempo em que o presidente segue em franco embate com Moraes. Bolsonaro teve duas manifestações públicas contrárias ao ministro: na primeira, ele desafiou Moraes a incluí-lo no inquérito que apura conversas supostamente golpistas em grupos de WhatsApp de empresários que o apoiam. Na segunda, o acusou de montar um serviço “paralelo” de inteligência para, na visão dele, tirar a liberdade dos brasileiros.

Esse é o clima para o 7 de setembro: Bolsonaro convocando seus eleitores para um grande comício nacional, com pautas das mais diversas: contra o Supremo, contra o aborto, mas principalmente, contra Lula e o PT. A tendência é que seja uma data muito movimentada politicamente, com mais tensão no ambiente institucional.

(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em Brasília)
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