Saiba por que André Esteves não está preocupado com as eleições
Sócio sênior do BTG Pactual diz que os mercados estão com a menor volatilidade desde a redemocratização
O sócio sênior e chairman do BTG Pactual, André Esteves, afirmou que a sociedade brasileira é muito mais de centro do que se percebe pela grita da internet e que, quem quer que seja o vencedor das eleições presidenciais, não vai haver nenhuma loucura econômica.
“No passado, as eleições sempre traziam uma grande volatilidade, sempre tivemos um processo eleitoral carregado de maniqueísmo, de luta de bem contra o mal, e os mercados com enorme volatilidade. Agora os mercados estão com a menor volatilidade em eleições desde a redemocratização. É talento dos candidatos? Óbvio que eles têm suas responsabilidades, mas isso tudo foi formado no bojo da sociedade”, comentou em evento promovido pelo banco.
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Segundo Esteves, diferentemente do que acontecia há algumas décadas, nenhum empresário ameaça deixar o país agora se esse ou aquele candidato vencer. “Não vemos nenhum investidor estrangeiro preocupado, nenhum candidato cancelando planos de investimento.” Para ele, assim como no Japão ninguém para a vida em função da eleição, a tendência no Brasil é que isso se torne um assunto “menor”.
“Lógico que nós vamos analisar os planos de governo, para poder julgar melhor como os ativos vão se comportar, mas vejo claras oportunidades de investimento. As ações estão baratas, acredito que os juros já pararam de subir. Passada a incerteza com as eleições — que sempre criam uma angústia, um barulho, uma dúvida —, qualquer um que ganhe acho que vamos ter um rali de preços”, comentou.
Na avaliação dele, a sociedade brasileira está muito mais ao centro do que parece, ela não é de extrema esquerda ou de extrema direita. “Temos uma sociedade muito mais madura do que parece. A despeito da polarização vocal, estamos mais ao centro enquanto sociedade do que parece. Somos mais centro-direita ou centro-esquerda, do que extrema esquerda, extrema direita.”
Para o chairman do BTG, ainda que a Selic esteja momentaneamente em 13,75%, o Brasil mudou de patamar e conquistou uma taxa de juros de equilíbrio de um dígito. Na visão dele, isso é o principal fator que possibilita novos investimentos. “Você pode botar US$ 1 trilhão no BNDES, com um juro de 20% não funciona. Com 15%, será medíocre. Com 6%, o Brasil voa”, argumentou. Ele deixou claro que isso não é uma conquista de um governo específico, mas uma construção coletiva, com cada um botando um tijolinho no muro.
Isso possibilitou, entre outras coisas, o movimento de “financial deepening” — crescimento e maior complexidade do mercado financeiro. Esteves comentou que agora no terceiro trimestre o BTG deve coordenar quase 50 emissões de debêntures, isso em um ambiente de eleições, guerra na Ucrânia, inflação e juros elevados em todo o mundo. “A maioria dessas empresas vai fazer investimentos. Isso é sensacional.”
Ele disse ainda que o Brasil não precisa economizar em programas sociais, pois tem capacidade para gerir isso, mas deve reforçar as portas de saída, ajudar a população mais vulnerável a dar o próximo passo.