Apoiadores de Bolsonaro fazem ato com pedido de impeachment de Lula e bandeira de Israel
O ato foi convocado pelo próprio Bolsonaro quatro dias após ele ter sido alvo da operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em português) no dia 8 de fevereiro
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) realizam uma manifestação neste domingo (25), na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa do ex-presidente, que é investigado pela Polícia Federal (PF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Os manifestantes foram ao ato vestidos de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil e de Israel. Diferente de outras manifestações bolsonaristas, faixas e cartazes com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) não foram identificados pela reportagem.
Apesar de poupar críticas ao Supremo, os manifestantes proferiram gritos pedindo o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta semana, parlamentares bolsonaristas protocolaram um pedido de impeachment contra o atual presidente, após ele ter comparado os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto. Por volta de 14h30, a manifestação já contava com a presença de dezenas de deputados bolsonaristas.
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A manifestação na Paulista é bancada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que estimou na sexta-feira (23) desembolsar entre R$ 90 mil e R$ 100 mil para arcar com toda a estrutura do evento, como fornecimento de água, instalação de grades e transmissão pela internet – há seguranças privados, mas a Polícia Militar também atua no local. Malafaia alugou dois trios elétricos que estão dispostos em “L”: um maior, onde está Bolsonaro e os aliados mais importantes, de onde são feitos os discursos e um segundo veículo, sem estrutura de som, para abrigar os demais convidados, fotógrafos e cinegrafistas.
Estão presentes os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), com quem Bolsonaro se hospedou na capital paulista, Ronaldo Caiado (União-GO), e Jorginho Mello (PL-SC), além de senadores, deputados federais e estaduais de diversos Estados brasileiros. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PL-SP), também está no local.
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O Estadão identificou a organização de caravanas partindo de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e Distrito Federal. O ex-presidente desestimulou a realização de manifestações em todo Brasil e pediu que seus apoiadores se concentrassem na Avenida Paulista em uma tentativa de demonstrar o máximo de apoio popular possível.
Bolsonaro pediu que os manifestantes usem as cores verde e amarelo e que não levem cartazes contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou outras instituições. Além da preocupação com possíveis consequências judiciais, é uma tentativa de manter o foco da manifestação como uma resposta às investidas judiciais contra o ex-presidente, que se considera perseguido pelo STF e pela Polícia Federal.
O ato foi convocado pelo próprio Bolsonaro quatro dias após ele ter sido alvo da operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em português) no dia 8 de fevereiro. A PF investiga suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil antes e após a eleição de 2022. O ex-presidente teve o passaporte confiscado e quatro ex-assessores dele foram presos preventivamente.
Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso na quinta-feira, 22, mas ficou em silêncio. A defesa do ex-presidente chegou a pedir, sem sucesso, o adiamento do depoimento sob a alegação de que não teve acesso às íntegras do processo e da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. A operação da PF se baseou em materiais disponibilizados por ele, como mensagens trocadas com aliados do ex-presidente e o vídeo de uma reunião ministerial em julho de 2022.
Com base no conteúdo encontrado no celular de Cid, a PF afirma que Bolsonaro participou da elaboração do rascunho de um decreto que previa a realização de novas eleições e a prisão de autoridades, como os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Por sugestão do ex-chefe do Executivo, o documento foi modificado e apenas a prisão de Moraes foi mantida. O decreto nunca entrou em vigor.
No vídeo encontrado no computador do ex-ajudante de ordens, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirma que “se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. Ele também foi alvo da Tempus Veritatis ao lado dos ex-ministros Braga Netto, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que foi preso em flagrante pela posse de arma de fogo para a qual não tinha autorização. No total, 23 pessoas prestaram depoimento simultâneo ao de Bolsonaro na quinta-feira. Ao contrário dos demais, Torres e Valdemar responderam as perguntas dos investigadores.
Além da suposta tentativa de golpe, Bolsonaro é alvo de outras investigações que estão no STF. Entre elas, a venda de joias recebidas como presentes pela Presidência da República, caso revelado pelo Estadão, a fraude nos cartões de vacina do ex-presidente e sua filha e o inquérito que apura os autores intelectuais do 8 de Janeiro, quando manifestantes golpistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF.
Com informações do Estadão Conteúdo.