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As pistas de Lula ao mercado do que pretende fazer em uma eventual nova gestão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou a participação da ex-presidente Dilma Rousseff e de ex-ministros e lideranças petistas como José Dirceu e José Genoino no primeiro escalão do governo, caso vença a disputa presidencial em outubro. Lula disse que não faz sentido Dilma voltar ao governo federal como sua auxiliar e disse que os antigos auxiliares poderão ajudá-lo “fazendo nada”. Segundo o ex-presidente, uma eventual nova gestão petista será composta por novos integrantes, que fazem parte da pré-campanha presidencial petista.
Ao conceder uma entrevista na manhã desta quinta-feira para a Rádio Super, de Minas Gerais, Lula foi questionado se pretende escalar Dilma, Dirceu e Genoino, por exemplo, para ministérios, se for eleito novamente presidente da República. O petista negou imediatamente e defendeu “gente nova” no governo. “Não tem sentido uma ex-presidente da República trabalhar de auxiliar em outro governo. Tenho profundo respeito pela Dilma, ela tem uma competência técnica extraordinária, mas acho tem muita gente que surgiu depois que governamos esse país, tem muita gente nova e que vamos colocar. Essas pessoas que têm experiência podem me ajudar dando palpite, conversando. Às vezes as pessoas podem me ajudar fazendo nada”, declarou o petista.
Em seguida, Lula reforçou que, se for eleito, seu futuro governo será composto por pessoas que não participaram de gestões petistas. “Vamos fazer um governo muito baseado nas necessidades do povo com gente nova que está participando do processo da campanha”, disse. “Essas pessoas continuam tendo muito valor, sendo meus amigos, tenho profundo respeito e obviamente não vão repetir a passagem deles pelo governo. Antecipo que nenhum deles aceitaria [voltar para o governo] porque eles sabem da importância que eu tenho de fazer um governo ousado para o período 2023-2026.”
Apesar de dizer que “não faz sentido” um ex-presidente ser ministro, Lula foi indicado por sua sucessora, Dilma Rousseff, para ser ministro da Casa Civil em um momento de profunda crise da gestão da ex-presidente petista, em março de 2016. A posse de Lula, no entanto, foi suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Pouco tempo depois, Dilma sofreu um processo de impeachment.
Questionado sobre a contradição, Lula disse que não queria participar da gestão Dilma, mas afirmou que não conseguiu demover a ex-presidente da proposta. “Quando fui convidado pela Dilma, disse para ela que em um palácio não cabem dois presidentes. Fiquei até 1h da manhã conversando com ela mostrando a ineficácia de levar um ex-presidente para dentro do palácio. Seria um incômodo para ela e um incômodo para mim”, disse na entrevista. “É que a situação estava muito difícil. Os ministros Jaques Wagner, Ricardo Berzoini acharam que eu deveria aceitar. Mas não deu certo. Eu entendo que não deva participar. Tentei convencer. Em um palácio não cabem dois presidentes. Tenho clareza disso.”
Teto de gastos
Na entrevista, o ex-presidente voltou a criticar o teto de gastos e disse que pretende retomar os grandes investimentos em infraestrutura no primeiro ano da gestão, se for eleito.
“Não venham querer me impor lei de teto de gastos, porque teto de gastos é da responsabilidade do presidente da República. Eu aprendi o que é gasto e ter responsabilidade com uma mulher analfabeta, que criou oito filhos, todos sem profissão”, disse o petista, citando sua mãe. “Sei o que é responsabilidade. Quem não sabe faz uma lei. Uma lei para que? Para atender aos interesses do sistema financeiro, para garantir que eles recebam os juros da dívida, quando na verdade o governo tem que assumir compromisso para cuidar das pessoas pobres, desamparadas.”
O ex-presidente afirmou que se voltar à Presidência, pretende convocar uma reunião em janeiro de 2023 com governadores eleitos para estabelecer um plano de trabalho e a definição de obras de infraestrutura mais importantes em cada Estado. Lula criticou o presidente Jair Bolsonaro como um “psicopata”, despreparado para governar, e disse que a atual gestão é comandada por gabinetes paralelos em áreas como saúde e educação.
Lula voltou a criticar também a política de preços da Petrobras e disse que vai “abrasileirar” os preços dos combustíveis, desvinculando do preço do dólar. O petista defendeu investimentos em refinarias brasileiras. “O Brasil não tem que exportar óleo cru para comprar derivados. Teria que refinar o seu petróleo e exportar o excedente. Não tem que pagar em dólar. Se a gente ganhar, vai abrasileirar os preços dos combustíveis”, disse. “É preciso parar com bobagem de jogar no lixo a soberania de um país como o Brasil.”
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