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Banco Mundial tem US$ 3,6 bi para investir no Brasil, diz diretor
O diretor do Banco Mundial para o Brasil, Johannes Zutt, afirmou nesta sexta-feira que a instituição tem US$ 3,6 bilhões comprometidos para investir no Brasil. O montante está destinado, de acordo com a entidade, às áreas de administração fiscal ao apoio dos governos federal e local, crescimento baseado em alta produtividade, em ações climáticas e na inclusão de mulheres, afrodescendentes e indígenas na economia.
“Esses grupos são 75% da população, se não fizermos tudo o que pudermos para incluí-los na economia, o Brasil não vai crescer como deveria”, destacou Zutt. No ano fiscal de junho de 2022 a junho de 2023, o Banco terá investido aproximadamente U$ 1 bilhão.
Diretor do Banco Mundial destaca baixa produtividade do Brasil
Segundo o diretor do Banco Mundial para o Brasil, o país tem um dos menores crescimentos entre os de renda média, crescendo 0,5% em média anual de 2010 a 2021, enquanto os demais pares equivalentes crescem 4% por ano.
“Isso ocorre em parte porque a produtividade está muito abaixo do que deveria. Sem crescimento, não haverá os empregos para que as pessoas saiam da pobreza, mas precisam estar baseado em alta produtividade”, disse.
Johannes Zutt mora em Brasília, mas veio para Washington participar dos encontros de primavera do Bando Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), que terminam hoje.
Investidores, economistas e autoridades financeiras de todo o mundo estão reunidos desde a segunda-feira (10). A próxima reunião das duas instituições será em Marrakech, no Marrocos, em setembro próximo.
Em uma rápida entrevista à imprensa brasileira em D.C., Zutt disse que uma das grandes preocupações do Banco Mundial está relacionada a questões climáticas. O diretor afirmou que a instituição vai apresentar um relatório em breve sobre Clima e Desenvolvimento no Brasil.
Relatório do Banco Mundial sobre Brasil
De acordo com o relatório, se o Brasil controlar o desmatamento na Amazônia na mesma proporção de dez anos atrás, quando teve o seu nível mais baixo, reduziria drasticamente a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa em torno de 75%. “O mais importante que o Brasil pode fazer é diminuir para zero o desmatamento até 2028, como promete o atual governo. O Brasil tem uma boa matriz de energia verde e pode incentivar indústria a produzir por meio de energia limpa, e isso é o que o mercado futuro vai demandar”, afirmou.
Zutt citou que mais de 80% da potência energética brasileira é limpa e a vem suplementando com energia solar e eólica. “A União Europeia vai impor um imposto adicional para produtos que não são provenientes de energia limpa. O Brasil está em uma posição muito boa e tem condições de produzir produtos que não sejam taxados. Vários países já estão produzindo mais em energia limpa”, comentou.
Mercado de carbono
Ainda sobre clima, Johannes Zutt afirmou que o Banco Mundial vem trabalhando com o Brasil nos últimos anos na preparação de um mercado de carbono.
Segundo o diretor, a atual gestão está pensando em várias opções. Entre elas, um imposto de carbono e também um regime de comércio de emissões gás carbônico. O Grupo Banco Mundial é o maior financiador mundial da ação climática nos países em desenvolvimento. Entre 2016 e 2021, o Banco Mundial investiu aproximadamente US$ 109 bilhões em financiamento climático, incluindo um recorde de US$ 26 bilhões em 2021.
Diretor do Banco Mundial elogia postura de Haddad
Sobre a reforma fiscal no Brasil, Zutt disse que é “muito encorajador” que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se concentre desde o início em um arcabouço fiscal realista e uma reforma tributária para equilibrar as receitas e recuperação da balança comercial.
“Continuamos estudando os detalhes da proposta que será enviada ao Congresso, mas acredito que o novo governo está indo direção certa. O mais importante no momento é que esse processo tem sido transparente e estabelece uma trajetória realista para gerenciamento fiscal no pequeno e médio prazo. Há claros parâmetros que permitem que mudanças possam ser feitas”, afirmou.
Para o diretor do Banco Mundial, a proposta atual atende a muitas das expectativas do Bando Mundial para um bom arcabouço fiscal.
“Mas o arcabouço, por si só, não irá garantir que o Brasil está gastando dinheiro no local correto para sustentar uma economia adequada e crescente. Estamos falando de um alto nível de eficiência, serviços públicos, gasto social, programa de duplicação, investimento em infraestrutura, entre outros. A reforma tributária também é muito importante”, disse.
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