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Diretoria do BID faz pedido unânime por demissão de presidente do banco
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, teve sua gestão à frente da instituição contestada na quinta-feira (22), quando a diretoria executiva do banco recomendou sua demissão de forma unânime. A decisão veio após os resultados de uma investigação independente, que concluiu que Carone beneficiou sua namorada, uma das funcionárias do BID, e violou o código de ética da instituição, segundo apuração do Valor Econômico.
A recomendação partiu de todos os 14 diretores do BID, banco multilateral com maior carteira de crédito da América Latina. Conforme aponta o site do banco, o Grupo BID atingiu um recorde de US$ 23,4 bilhões em financiamento e mobilizações em 2021, incluindo um aporte de US$ 3 bilhões feito pelo BID Invest. O montante foi destinado para projetos de mudanças climáticas e cadeias de valor.
Carone aguarda a votação dos governadores do banco (ministros de Finanças ou presidentes de bancos centrais, dependendo do país), na próxima terça-feira ou quarta-feira, sobre a recomendação de demissão.
Presidente do BID é investigado
A investigação independente encontrou indícios de um vínculo íntimo entre Carone e uma funcionária do banco, que trabalhou junto com o atual presidente do BID em sua passagem como Assistente Adjunto do Presidente dos Estados Unidos.
Carone teria um caso com a mulher desde então, e levou ela para trabalhar no BID, primeiro como chefe de gabinete, e depois a promoveu para um cargo de “número dois” na instituição. Ela teria assinado um contrato melhor que os de vice-presidentes do banco, segundo fontes familiarizadas com a investigação ouvidas pelo Valor.
De acordo com o jornal El País, Carone aprovou dois aumentos salariais para sua namorada. Ela foi contratada em setembro de 2020 sob pagamento líquido mensal de US$ 287 mil, que saltou para US$ 350 mil uma semana depois — alta de 20%. Depois de 10 meses, veio um novo aumento de 20%, o que elevou o salário da funcionária para US$ 450 mil, segundo um vazamento de dados de uma investigação conduzida por Washington.
O presidente do BID é acusado de não cooperar com as investigações e de não permitir o acesso dos investidores a seu celular e nem aos e-mails. Há ainda a acusação de abuso de poder dentro do banco pela demissão de funcionários, que teriam sido dispensados, diz a investigação, por desavenças pessoais com Carone.
EUA quer demissão de presidente do BID
A demissão de Carone parece lapidada pelo posicionamento do Tesouro dos Estados Unidos, que é o maior acionista do BID e que detém 30% do poder de voto.
“A recusa do Presidente Claver-Carone em cooperar plenamente com a investigação, e (com) o clima de medo de retaliação entre o pessoal e os países membros, perdeu a confiança do pessoal e dos acionistas do Banco e necessita de uma mudança na liderança”, disse o porta-voz do Tesouro americano a agências internacionais.
Carone assumiu a presidência do BID em 2020, após trabalhar como Diretor Sênior de Assuntos para Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional do ex-presidente Donald Trump. A administração Biden pensava em permitir que Carone terminasse seu mandato, mas mudou de ideia com o vazamento da investigação sobre o executivo, assim como por uma suposta atitude arrogante dele.
No final de semana, Carone divulgou uma longa nota no site do BID se defendendo das investigação contra ele e afirmando que ela “não corrobora as acusações falsas e anônimas que fizeram contra mim ou ao pessoal do BID na imprensa”.
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