O presidente Jair Bolsonaro revelou, em entrevista, que, na semana passada, foi comunicado que a Petrobras aplicaria reajuste nos combustíveis e fez contato com a estatal sugerindo que a medida fosse adiada em um dia, mas não foi atendido. O pedido considerava que o Congresso iria discutir medidas para amenizar o impacto ao consumidor final. Para Bolsonaro, o aumento foi um “crime” da Petrobras contra a população.
“Por questão de um dia, foi feito contato com a Petrobras porque chegou para nós que eles iriam reajustar na quinta-feira da semana passada. E foi feito pedido para que deixasse para o dia seguinte, atrasasse um dia, mas eles não nos atenderam”, disse, em entrevista à TV Ponta Negra, do Rio Grande do Norte, cuja íntegra foi transmitida hoje. “Por um dia, a Petrobras cometeu esse crime contra a população, esse aumento absurdo no preço dos combustíveis. Isso não é interferir na Petrobras, a ação governamental. É apenas bom senso. Poderiam esperar.”
Assim como tem feito em manifestações públicas nos últimos dias, Bolsonaro afirmou que espera revisão dos preços praticados atualmente em função da recente queda na cotação do petróleo.
“Muita gente me critica, como se tivesse poderes sobre a Petrobras. Não tenho, para mim é uma empresa que poderia ser privatizada hoje e eu ficaria livre desse problema. Se transformou em Petrobras F.C., onde o clubinho lá dentro só pensa neles”, reclamou.
Questionado sobre a possibilidade de o governo propor um fundo de estabilização dos preços, em parte com recursos da estatal, o presidente disse que a medida já está desenhada e poderá ser utilizada em eventual novo reajuste.
“Isso já está no papel. Qualquer nova alta a gente vai desencadear o processo para que este reajuste não chegue na ponta da linha ao consumidor. É impagável o preço dos combustíveis no Brasil, e lamentavelmente a Petrobras não colabora com nada”, disse. “Se eu pudesse interferir, as decisões seriam outras”.
O presidente não descartou mudanças no comando da estatal, hoje comandada pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, que há um ano foi escolhido pelo presidente para substituir o economista Roberto Castello Branco em outro momento em que Bolsonaro estava insatisfeito com as altas de combustíveis.
“Existe essa possibilidade. Todo mundo no governo, ministros, secretários, diretores de estatais, podem ser substituídos se não estiverem fazendo trabalho a contento. Não quer dizer que vai ser trocado ou não vai ser trocado”, argumentou. “O presidente da Petrobras está amarrado numa série de legislação, mas a solicitação feita, não oficialmente, porque não podemos interferir na Petrobras nem vamos interferir, de atrasar um dia o aumento pegou muito mal para todos nós”.