Saiba o que Bolsonaro falou em almoço com banqueiros e investidores

Encontro foi promovido pela Febraban e pela CNF

Jair Bolsonaro quando ainda ocupava o cargo de presidente da República. Foto: Alan Santos/Presidência
Jair Bolsonaro quando ainda ocupava o cargo de presidente da República. Foto: Alan Santos/Presidência

O presidente Jair Bolsonaro pediu a banqueiros que eles reduzam “o máximo possível” os juros cobrados em empréstimos consignados para beneficiários do programa Benefício de Prestação Continuada (BPC). O “apelo”, nas palavras do presidente, foi feito durante almoço com representantes de instituições financeiras, promovido pela Febraban e pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) nesta segunda-feira (8), em São Paulo.

O presidente comparou o pedido a outro de teor semelhante feito, em junho, para que representantes do setor supermercadista reduzissem a margem de lucros sobre produtos da cesta básica. “Nós já tínhamos zerado todos os impostos federais da cesta básica. Como faço apelo também para vocês agora. Vai entrar o pessoal do BPC no crédito consignado. Isso é garantia, desconto em folha”, afirmou o presidente.

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Na semana passada foi sancionada a lei que autoriza a concessão de crédito consignado também a beneficiários do Auxílio Brasil e Renda Mensal Vitalícia (RMV). “Se vocês puderem reduzir o máximo possível, porque ainda estamos atravessando (…) estamos no final da turbulência. Para que todos nós possamos mostrar que cada vez mais o Brasil não é mais um país do futuro, é do presente”, disse Bolsonaro a representantes de instituições como Bradesco, Itaú Unibanco, Citibank e Bradesco.

O almoço com 33 convidados foi fechado à imprensa, mas o discurso foi transmitido ao vivo em um perfil do presidente nas redes sociais.

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O presidente estava acompanhado dos ministros Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça). Estavam presentes também o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o candidato ao governo paulista e ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), o ex-ministro e candidato ao Senado Marcos Pontes (PL), e o ex-ministro e candidato a deputado federal Ricardo Salles (PL).

Em seu discurso, o presidente voltou a defender o posicionamento do governo federal na pandemia, contra medidas de restrição – adotadas para conter a transmissão da covid-19. Bolsonaro enfatizou a criação do auxílio emergencial, promulgado no valor de R$ 600 à época por iniciativa do Congresso, além de outras medidas de socorro a micro e pequenas empresas.

Aos convidados, o presidente fez um retrospecto dos anos iniciais do seu governo e repetiu que foi acertado o posicionamento do país na guerra da Rússia contra a Ucrânia, ao adotar neutralidade. Sobre o aumento da inflação e das altas dos preços de combustíveis, Bolsonaro disse que não iria dar “canetada” na Petrobras.

Ataques ao STF, PT e governos de esquerda

Candidato à reeleição, o presidente aproveitou o almoço com representantes do sistema financeiro para atacar o PT e governos de esquerda da América Latina. Bolsonaro criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável do PT, o chamou de “canalha” e afirmou que o PT está envolvido em corrupção.

Em um discurso inflamado, o presidente voltou a reclamar do Supremo Tribunal Federal (STF), do voto eletrônico no Brasil e da carta em defesa à democracia, apoiada por milhares de pessoas, entidades, organizações da sociedade civil, empresas e bancos.

Sem fazer um ataque direto às urnas ou a sugerir que não aceitará o resultado, como já fez em outras ocasiões, Bolsonaro disse lutar por “transparência” e que é legítima a participação das Forças Armadas. “Se as Forças Armadas foram convidadas a participar da comissão de transparência eleitoral e apresentaram sugestões, deixe as equipes técnicas discutirem. Quem sabe as forças Armadas estejam equivocadas? Mas não impedir essa aproximação e essa conversa”, afirmou.

O presidente se disse como democrata e minimizou o papel de manifestos em defesa pela democracia, como o assinado pela Febraban e Fiesp. Bolsonaro chamou os manifestos de “cartinha” e disse que essas ações, na verdade, são uma defesa da candidatura do seu adversário nas urnas, o ex-presidente Lula.

O candidato à reeleição disse ainda que o eventual retorno do PT ao poder vai prejudicar o país e criticou a ascensão de governos progressistas na América Latina. “Daqui a pouco estaremos no trenzinho Cuba, Venezuela, Argentina, Chile”, disse.

O presidente novamente atacou o STF e insinuou que a Corte tem “ditadores”, em críticas a ministros. “Onde está a ditadura? Está no Executivo ou em outros Poderes?”, questionou depois de reclamar do Supremo. Bolsonaro criticou ainda o inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. “Não quero briga com Poderes, mas não vou brigar com minha consciência.”

Em outro momento do discurso, voltou a criticar o sistema eleitoral e disse que as Forças Armadas devem acompanhar de perto a apuração dos votos.

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