Na ONU, Bolsonaro fala sobre combate à pandemia e recuperação econômica
Após discurso, Bolsonaro fará reuniões com líderes de direita; veja quem são
O presidente Jair Bolsonaro discursou na manhã desta terça-feira (20) na abertura da 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Bolsonaro encerrou seu discurso na ONU citando as manifestações de seus apoiadores no último 7 de Setembro. Ele também repetiu seu lema ” Deus, Pátria, família e liberdade”.
“Neste 7 de Setembro, o Brasil completou 200 anos de história como nação independente. Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade”, finalizou.
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O presidente discursou durante 20 minutos e 40 segundos, o que está dentro da média histórica dos discursos na Assembleia Geral — apesar de o tempo sugerido ser de 15 minutos.
Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro falou durante 32 minutos. Em 2020, foi de 14 minutos. A mais curta participação foi no ano passado, quando Bolsonaro discursou durante 12 minutos.
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Entre as palavras finais de seu discurso, de cerca de 20 minutos, Bolsonaro citou, inclusive, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de direcionar palavras às mulheres. O presidente ressaltou “novo significado ao trabalho de voluntariado” trazido por Michelle, mais um aceno ao eleitorado feminino no Brasil, um dos obstáculos de seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto.
“Trabalhamos no Brasil para que tenhamos mulheres fortes e independentes, para que possam chegar aonde elas quiserem. A Primeira Dama, Michelle Bolsonaro, trouxe novo significado ao trabalho de voluntariado desde 2019, com especial atenção aos portadores de deficiências e doenças raras”, disse Bolsonaro.
Em seu discurso, o presidente citou pautas que são caras para seus apoiadores, falando em “direito à vida desde a concepção” e “repúdio à ideologia de gênero”.
“Outros valores fundamentais para a sociedade brasileira, com reflexo na pauta dos direitos humanos, são a defesa da família, do direito à vida desde a concepção, à legítima defesa e o repúdio à ideologia de gênero. Quero também destacar aqui a prioridade que temos atribuído à proteção das mulheres. Nosso esforço em sancionar mais de 70 normas legais sobre o tema desde o início de meu governo, em 2019, é prova cabal desse compromisso. Combatemos a violência contra as mulheres com todo o rigor. Isso é parte da nossa prioridade mais ampla de garantir segurança pública a todos os brasileiros.”
Em seu perfil no Twitter, momentos antes da sua fala, o presidente afirmou que apresentará “a verdade” sobre como o país enfrenta os desafios do atual momento. Os aliados do presidente esperam que a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, passe uma imagem melhor do presidente. Em um ambiente mais controlado, o potencial para danos é menor.
Reuniões com líderes de direita
Bolsonaro aproveitará a ocasião para dialogar com os chefes do Executivo da Polônia, Equador, Sérvia e Guatemala. Veja abaixo quem são eles:
Andrzej Duda, presidente da Polônia
O ultraconservador Andrzej Duda preside a Polônia desde 2015. Desde então, o país registra contínuas violações da independência do Judiciário, corrupção ligada às elites do poder e ataques à sociedade civil, especialmente à comunidade LGBTQI+, conforme mencionado no relatório anual sobre o Estado de direito na União Europeia (UE), divulgado em julho deste ano.
O documento denuncia o agravamento da situação da sociedade civil na Polônia, com “um possível efeito intimidatório”. E observa que “o espaço cívico se deteriorou ainda mais e um projeto de lei recente pode ter um impacto negativo adicional”.
Guillermo Lasso, presidente do Equador
O ex-banqueiro Guillermo Lasso foi eleito em abril do ano passado. O político representa a direita tradicional e conta com o apoio de empresários, entre eles, os donos dos principais meios de comunicação.
Lasso teve que lidar com uma onda de protestos organizados pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) contra seu governo conservador. Por causa da repressão às manifestações, o presidente equatoriano foi acusado de “autoritarismo, falta de vontade e incapacidade” pela Conaie.
Alejandro Giammattei, presidente da Guatemala
No governo desde 2019, Alejandro Giammattei ficou conhecido internacionalmente por seus ataques ao judiciário da Guatemala. Seu principal ato, de acordo com um perfil publicado na “The Economist”, foi ter dado o cargo de procuradora-geral a Consuelo Porras, uma pessoa descrita como “submissa” pela revista.
Funcionários da Justiça apontam Consuelo como responsável por perseguição de opositores. Apesar das acusações de que a mulher interrompeu investigações anticorrupção, ela teve seu mandato renovado pelo presidente.
Aleksandar Vucic, presidente da Sérvia
Conhecido como “Putinzinho”, o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, foi reeleito para um segundo mandato em abril deste ano. Após vencer as eleições, observadores internacionais e ativistas de direitos humanos consultados pelo “The Guardian” fizeram um alerta de que o país caminha rumo a uma autocracia.
Parte do poder de Vucic vem do domínio absoluto que ele exerce na mídia do país. Membros do seu partido controlam a maioria das principais emissoras de televisão e jornais tablóides. Nesta publicações, seus opositores são tratados como ladrões e traidores.