- Home
- Mercado financeiro
- Política
- Análise: QG de Bolsonaro atua para intensificar ‘operação feriadão’ no segundo turno
Análise: QG de Bolsonaro atua para intensificar ‘operação feriadão’ no segundo turno
O núcleo de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) vem arquitetando, com discrição, uma operação que envolve governadores e prefeitos de vários estados a fim de calibrar as decisões locais sobre o feriado prolongado no final de semana do segundo turno.
O objetivo é articular agentes públicos numa estratégia conjunta para manter a folga do dia do servidor público, comemorado no dia 28 de outubro, na sexta-feira que antecede a votação, em regiões nas quais o funcionalismo tem inclinação maior ao campo da esquerda, sobretudo profissionais da educação e saúde.
E, na mesma esteira, adiar o feriado em redutos fortes do bolsonarismo, especialmente onde houver integração das forças de segurança pública ao projeto presidencial de reeleição.
Com o plano, o QG de Bolsonaro espera acentuar a esperada discrepância de comparecimento entre eleitores de Lula e do presidente em centros urbanos densos na segunda fase do pleito.
Emendar os feriados permite que vários funcionários públicos e suas famílias viajem, o que pode causar algum tipo de alteração no cenário eleitoral, segundo interpretação das campanhas.
Os exemplos de São Paulo, Rio e Minas são os mais evidentes. Paulistas e mineiros devem optar por dar o feriado na data original, com a perspectiva de afetar em especial os professores, categoria numerosa nas duas máquinas.
Já o governo fluminense entende que o adiamento do feriado para novembro permite mais presença de policiais, adeptos de Bolsonaro.
O trabalho de convencimento de atores políticos aliados vem sendo liderado pelo senador Flávio Bolsonaro, um dos coordenadores da campanha do pai.
Em paralelo, intensifica-se a mobilização de prefeitos aliados para avaliar o quadro de cada cidade e decidir sobre o chamado passe-livre para facilitar a ida da população mais carente aos postos de votação.
O primeiro ‘round’ foi vencido por Bolsonaro em São Paulo, capital onde o PT obteve bom desempenho no primeiro turno. O prefeito, Ricardo Nunes (MDB), decidiu não acolher a recomendação do TSE. Não haverá no município o franqueamento das catracas de ônibus aos eleitores. Nunes se comprometeu apenas a ampliar a frota em operação.
No Rio, em compensação, o lulista Eduardo Paes garantiu livre circulação no transporte coletivo no dia 30, a exemplo do que ocorreu dia 2.
Túnel do tempo
O cenário de “operação feriadão” desta eleição reproduz, em alguma medida, o visto na disputa de 2010, entre José Serra e Dilma Rousseff.
Na ocasião, o então candidato do PSDB atuou nos governos estaduais aliados para postergar o ponto facultativo do Dia do Servidor para o dia 1 de novembro, permitindo uma emenda com o feriado de Finados. Assim, o tucano esperava reduzir o comparecimento de eleitores da rival petista nas urnas no segundo turno, que naquele ano ocorreu em 31 de outubro.
O eleitor que não votou no primeiro turno poderá votar normalmente no segundo. Aqueles que viajarem e não tiverem feito a inscrição para votar em trânsito deverão justificar a ausência, e esse processo pode ser feito online, o que facilita o procedimento. A justificativa pode ser apresentada em qualquer cartório eleitoral no dia da eleição ou até 60 dias depois do pleito.
O eleitor que não votar nem justificar sua ausência será multado pela Justiça Eleitoral. Caso não vote e nem pague a multa, não poderá se inscrever em concurso público, tirar passaporte ou carteira de identidade, renovar matrícula em estabelecimentos de ensino oficial, obter empréstimos em estabelecimentos de crédito mantidos pelo governo ou participar de concorrência. Caso não vote em três eleições consecutivas, terá o título cancelado.
(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo)
Leia a seguir