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Bolsonaro e Lula: o que está por trás da guerra pelo eleitor de Minas no segundo turno
A batalha por Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, está colocando em campo o governador reeleito Romeu Zema (NOVO), ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), informalmente ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os dois políticos travam uma guerra velada pelo apoio de prefeitos e líderes do setor privado para alavancar as votações dos candidatos que estão no segundo turno da eleição presidencial.
O que dizem as urnas mineiras
Com 16 milhões de eleitores, sendo quase 13 milhões pulverizados em municípios do interior, o estado sempre reproduziu o resultado nacional da eleição presidencial desde a redemocratização. No primeiro turno, Lula venceu com vantagem de menos de 500 mil votos. O petista triunfou em 630 cidades e o rival do PL obteve sucesso em 223.
Bolsonaro emplacou seu nome para o Senado, Cleitinho Azevedo (PSC), e os parlamentares mais votados foram seus aliados, com destaque para Nikolas Ferreira, federal, e Bruno Engler, estadual.
A estratégia de Zema
Nesse contexto, o papel de Zema, que atropelou no primeiro turno o adversário Alexandre Kalil (PSD), candidato apoiado por Lula, é mobilizar prefeitos, sobretudo de cidades com menos de 50 mil habitantes, muito dependentes do governo mineiro.
O governador, que criou a expressão “PTfobia”, usada pela campanha bolsonarista nas propagandas de TV, assumiu oficialmente a condição de coordenador do QG do presidente em Minas.
O primeiro “teste” de adesão ocorreu nesta quinta-feira, quando Zema recebeu o candidato a vice-presidente Walter Braga Netto para um evento com dirigentes políticos locais, deputados federais e estaduais eleitos. Nesta sexta-feira, será a vez de Bolsonaro, que também será exposto a uma plateia de prefeitos.
Teoricamente, Zema detém influência sobre quase 600 prefeitos, mas nem seus assessores acreditam ser possível reverter o quadro como a campanha de Bolsonaro deseja. O cálculo dos mais pragmáticos é o de que a ofensiva em Minas possa reduzir a vantagem de Lula em relação ao que se detectou no primeiro turno.
O governador, que tem planos de alçar um voo nacional em 2026, enxerga a possibilidade de virar um nome natural do eleitorado de direita para concorrer ao Planalto caso tenha sucesso em seu mutirão para reeleger Bolsonaro.
Com bom trânsito no setor produtivo, Zema, que é empresário, também atua na articulação de setores expressivos da indústria, comércio e agronegócio em favor da reeleição do presidente.
Contra-ataque
Em contraponto, Lula tem estimulado Rodrigo Pacheco, que é candidato a novo mandato à frente da Mesa do Senado, a escalar sua equipe para desarticular o movimento de Zema. Com o apoio do senador Alexandre Silveira, derrotado na tentativa de obter novo mandato, Pacheco poderia usar sua liderança sobre entidades municipalistas mineiras, como a AMM (Associação dos Municípios Mineiros), para neutralizar os efeitos de Zema pró-Bolsonaro.
Pacheco, que também conta com bom trânsito no empresariado e no meio jurídico mineiro, é forte politicamente nas regiões Leste e Norte do estado, onde Lula teve sua melhor performance.
O senador foi um dos patrocinadores do projeto de lei que inclui 81 municípios de Minas na área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o que fortaleceu sua atuação política com as prefeituras.
Diante do quadro, Lula também pretende explorar o estado em novas agendas, além da já realizada na capital, Belo Horizonte, no início do segundo turno.
Como Pacheco é o nome predileto de Lula, caso obtenha o terceiro mandato, para seguir à frente do Senado, o político do PSD vem sendo arrastado ao centro da campanha, embora tenha adotado uma conduta mais discreta na primeira fase do pleito.
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