O que muda na composição da Câmara e do Senado com nomeação de ministros
Na lista de ministros indicados para compor o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há deputados federais e senadores eleitos, que darão lugar no Congresso a candidatos melhor votados ou suplentes – entre os novos nomes, há políticos de carreira, esposas de políticos aliados e um doador de campanha.
No caso dos deputados federais, por ser um cargo preenchido por sistema proporcional, a suplência é dos candidatos mais votados do partido, da coligação ou federação logo depois dos eleitos. A eleição de senadores segue o sistema majoritário, por isso são indicados dois suplentes já no momento da candidatura.
Com essas mudanças, cinco estados terão reconfigurações em seus representantes no Senado, enquanto a Câmara dos Deputados terá o ingresso de oito parlamentares que não haviam sido eleitos em outubro. Em apenas um dos casos, o partido não é o mesmo da pessoa eleita a princípio.
O Senado também passará a ter quatro mulheres a mais, passando a 14. Em São Paulo, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), que havia ficado de fora, conseguirá retornar à Câmara e o partido dele passará a ter sete representantes na casa.
No Senado
Sai Camilo Santana, entra Augusta Brito
O ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT) foi eleito ao Senado nestas eleições, mas foi escolhido como ministro da Educação. Augusta Brito (PT) é a primeira suplente dele. Ela é deputada estadual desde 2014; antes, foi prefeita de Graça (MA) por dois mandatos, a partir de 2004. Na Assembleia Legislativa, também atua como procuradora especial da mulher.
A segunda suplente, que poderá assumir no futuro na indisponibilidade de Brito, é Janaina Farias (PT), que foi assessora especial de Santana no governo estadual e era cotada a concorrer a deputada estadual.
Sai Carlos Fávaro, entra Margareth Buzetti
No Senado por Mato Grosso desde 2019, Carlos Fávaro (PSD) será ministro da Agricultura e Pecuária. A primeira suplente dele é Margareth Buzetti (PSD), empresária que chegou a ocupar a titularidade por cerca de quatro meses neste ano, quando Fávaro se afastou para fazer tratamentos de saúde.
Em seguida, há José Lacerda (PSD), ex-deputado estadual e um dos fundadores do MDB no estado. Ambos os suplentes se filiaram ao PSD no início do mês, em um movimento visto como forma de viabilizar a ida de Fávaro para o Ministério e garantir o apoio ao governo no Senado.
Sai Flávio Dino, entra Ana Paula Lobato
O senador eleito Flávio Dino (PSB) foi indicado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. A primeira suplente dele é Ana Paula Lobato (PSB), atual vice-prefeita de Pinheiro (MA). Ela chegou a ocupar a prefeitura por cerca de um mês no início de 2022, quando Luciano Genésio (PP) foi afastado por ordem judicial a pedido de uma investigação da Polícia Federal.
Casada com o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Othelino Neto (PCdoB), a futura senadora é presidente do Grupo de Esposas de Deputados do Estado do Maranhão (Gedema), que promove ações sociais.
Na segunda suplência, há Lourdinha (PCdoB), presidente da Câmara Municipal de Coroatá (MA).
Sai Renan Filho, entra Fernando Farias
O senador eleito na vaga de Alagoas nestas eleições, Renan Filho (MDB), conduzirá o Ministério dos Transportes na governo de Lula. O primeiro suplente dele é o empresário da indústria de cana-de-açúcar Fernando Farias (MDB), que foi o principal doador da campanha de Renan Filho, com R$ 350 mil depositados. Inicialmente, circulou que a esposa do senador eleito, Renata Calheiros, poderia ser indicada para a suplência, o que acabou não acontecendo.
Na segunda suplência, está Adélia Maria (PV), médica e irmã do deputado estadual Marcelo Victor (MDB), presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas.
Sai Wellington Dias, entra Jussara Lima
Para liderar o Ministério do Desenvolvimento Social, o senador eleito Wellington Dias (PT) deixará vaga no Senado para a primeira suplente, Jussara Lima (PT).
Ela ingressou na política ao ser eleita vereadora de Fronteiras (PI) em 1988. É casada com o deputado federal Júlio César (PSB), que está na Câmara de forma contínua desde 2003 e foi o mais votado no estado neste ano. Também é mãe do deputado estadual Georgiano Neto (MDB). Neste ano, fez campanha própria pela suplência ao Senado, se reunindo principalmente com mulheres de sua região.
Já foi vice-prefeita de Fronteiras, eleita em pleito suplementar em 2011, quando dividia a chapa com Eudes Ribeiro (PSD), atual prefeito do município e cujas famílias são próximas. Eles não têm parentesco, mas dividem sobrinhos, como o pastor George Lucas. Jussara Lima concorreu à vice-prefeita novamente em 2016 ao lado desse sobrinho, mas a chapa acabou derrotada.
A segunda suplência de Wellington Dias é de Jose Amauri (PT), que ocupou vaga no Senado em 2018, em substituição a Elmano Férrer (PP).
As substituições na Câmara dos Deputados
Sai Alexandre Padilha, entra Orlando Silva
Escolhido para ser ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT) havia sido eleito deputado federal por São Paulo.
A candidatura dele fazia parte da coligação entre PT, PV e PCdoB. No estado, pela quantidade de votos obtida, o grupo teve direito a 11 vagas na Câmara. Com a saída de Padilha, fica mais bem posicionado Orlando Silva (PCdoB), que concorria ao terceiro mandato na Câmara. Ele fez parte do governo de Lula como ministro do Esporte entre 2006 e 2011.
Sai Daniela do Waguinho, entra Ricardo Abrão
Líder de votação para a Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro, Daniela do Waguinho (União) será ministra do Turismo. Assim, haverá vaga para Ricardão Abrão (União), deputado estadual por dois mandatos.
Sai Luiz Marinho, entra Alfredinho
O deputado federal eleito Luiz Marinho (PT) assumirá o Ministério do Trabalho. O próximo na lista de melhor votados da coligação era Alfredinho (PT), vereador em São Paulo e um dos fundadores do partido e da Central Única de Trabalhadores.
Sai Marina Silva, entra Luciene Cavalcante
A deputada federal eleita Marina Silva (Rede) será ministra do Meio Ambiente. A vaga deixada por ela na Câmara será ocupada por Luciene Cavalcante (Psol), que é professora da rede municipal de São Paulo.
Sai Juscelino Filho, entra Benjamim de Oliveira
Eleito deputado federal pelo Maranhão, Juscelino Filho (União) será ministro das Comunicações. O próximo mais bem colocado do partido é o médico Benjamim de Oliveira (União). Este será o primeiro cargo eletivo dele, que concorreu à prefeitura de Açaílândia (MA) por duas vezes.
Sai Paulo Pimenta, entra Reginete Bispo
Paulo Pimenta (PT) conduzirá a Secretaria de Comunicação Social no novo governo. A vaga dele para a Câmara dos Deputados, pelo estado do Rio Grande do Sul, caberá a Reginete Bispo (PT), que é também suplente do senador Paulo Paim (PT) e atua como consulesa honorária do Senegal em Porto Alegre.
Sai Paulo Teixeira, entra Vicentinho
O novo ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), foi eleito à Câmara por São Paulo. Seguindo a sequência dos mais votados está Vicentinho (PT), deputado federal desde 2003.
Sai Sônia Guajajara, entra Ivan Valente
Eleita para seu primeiro mandato como deputada federal, Sônia Guajajara (Psol) conduzirá o novo Ministério dos Povos Originários. Com a vaga dela aberta, sobra espaço para Ivan Valente (Psol), que já ocupava cadeira na Câmara dos Deputados no mandato anterior.
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