Caminhoneiros fazem paralisação no Peru, enquanto Equador deixa gasolina mais barata para conter protestos

Alta dos combustíveis provoca série de atos na América do Sul

Foto: Pixabay
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Caminhoneiros do Peru e motoristas de ônibus intermunicipais do país iniciaram nesta segunda-feira uma paralisação nacional que protesta contra o alto preço dos combustíveis do país após não conseguir acordo com o governo. O protesto seguirá até o dia 18 de julho, caso as solicitações não sejam atendidas.

Os manifestantes reivindicam a redução do preço do diesel, a restauração do transporte de mercadorias como serviço público, uma cota mínima sobre a movimentação de cargas para atividades de mineração e a regulamentação no preço dos pedágios.

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Na esteira dos protestos, o governo do Peru declarou Estados de emergência, quando ficam suspensos os direitos constitucionais relativos à liberdade de trânsito, liberdade de reunião e liberdade e segurança pessoal. O decreto também estabelece o uso de força pelas forças policiais do país.

Já foi anunciado o envio de 170 mil agentes das forças de segurança do Peru para todo o país com o objetivo de manter a ordem e evitar bloqueio de vias.

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“O que ninguém pode fazer é bloquear uma estrada, ninguém tem o direito de violar uma regra. Toda a Polícia, os 177 mil, vão ser mobilizados a nível nacional”, disse o ministro do Interior, Dimitri Semanche, à “RPP”.

O Peru tem mais protestos marcados, já que nesta segunda-feira a associação de motoristas de transporte público de Lima e Callao, anunciaram que vão iniciar uma greve no dia 4 de julho.

Mais protestos nos Equador

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou no domingo uma redução nos preços da gasolina e do diesel em US$ 10 centavos por galão. O corte no preço fica aquém da demandada pelo setor indígena, que está em greve há 14 dias.

A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), por meio de seu principal dirigente, Leonidas Iza, exige o cumprimento de uma agenda de 10 reivindicações. O principal pedido é pela redução do preço da gasolina de US$ 2,55 para US$ 2,10 por galão e diesel de US$ 1,90 a US$ 1,50.

“Todos consideram que o preço do combustível se tornou o ponto que mantém o conflito”, disse o presidente em rede nacional. A medida deve-se à busca do “bem comum e da paz cidadã”, disse o líder.

“Os equatorianos que buscam o diálogo encontrarão um governo com a mão estendida, aqueles que buscam o caos, a violência e o terrorismo a força total da lei”, disse ele.

Lasso enfatizou que o país deve voltar à normalidade, mas alertou que fará as devidas denúncias no Ministério Público para que os crimes cometidos durante as manifestações não fiquem impunes.

Em plena crise política, a Assembleia Nacional suspendeu pela segunda noite consecutiva a sessão em que se debate o pedido de exoneração presidencial devido a uma grave crise política e comoção interna, promovida pelo grupo de oposição União pela Esperança (UNES), relacionada ao ex-presidente Rafael Correa. O presidente da legislatura, Virgílio Saquicela, convocou os parlamentares para a próxima terça-feira, quando a deliberação será retomada.

Segundo o artigo 130 da Constituição, o pedido para a destituição do presidente requer 92 votos para sua aprovação.

Fernando Villavicencio, político governista, revelou que em diálogo com o presidente “eu lhe disse que ele tem que baixar o preço do combustível, que ele tem que responder às demandas do movimento indígena”, e atacou o líder indígena Iza, dizendo que “o que está por trás não são os 10 reinvindicações, aqui é um golpe forjado”, disse o político para a Associated Press

Marcela Holguín, do grupo Unes, afirmou que o protesto não é de políticos, mas de cidadãos. “Há um ano que os cidadãos imploram por medicina, educação, emprego, são eles que estão agora nas ruas”, disse. “Para que servem as grandes reservas internacionais se temos um país faminto”, disse.

As perdas para o setor produtivo — público e privado — atingiram US$ 500 milhões, enquanto o nível de risco do país subiu acima de 1.055 pontos, disseram autoridades.

O Ministério da Energia alertou em comunicado oficial que os níveis de produção de petróleo colocam o sector em risco de uma paralisação total caso as manifestações continuem a obstruir estradas que impedem a passagem da logística para os poços petrolíferos.

O ministro diz que o país está na eminência de interromper a produção de combustível por 48h por problemas de escoamento. Diante de uma diminuição “de mais de 50%” na produção de hidrocarbonetos, entre 520 mil barris por dia, as perdas econômicas podem chegar a US$ 120 milhões, segundo o comunicado do governo.

Cada dia de paralisação representa entre US$ 40 e US$ 50 milhões em perdas para o setor produtivo, disse o ministro da Produção, Julio Prado, em entrevista coletiva.

As bases indígenas permanecem concentradas na Casa da Cultura, no centro-norte da capital, em meio a um evento artístico enquanto decorre a sessão legislativa.

Iza ratificou antes do anúncio presidencial que as manifestações continuarão: “Nós que estamos em Quito, amanhã com força voltamos às ruas, mas de forma pacífica”, até obter uma resposta dos cinco poderes do Estado, concluiu.

No sábado, o presidente encerrou o estado de emergência que aplicou em seis províncias do país, como sinal de abertura ao diálogo e criação de espaço para a paz, disse um comunicado oficial.

Números oficiais do governo mostram que os protestos já causaram quatro mortes e centenas de feridos entre manifestantes, policiais e militares.

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