Conciliação? PT promete manter pressão sobre Campos Neto e juros altos
Deputado reforçou que o partido irá pedir a convocação de Campos Neto para prestar explicações no Congresso
O PT não pretende diminuir a pressão sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mesmo com o tom conciliador adotado pelo dirigente em suas últimas declarações, disse nesta terça-feira (14) o deputado Lindbergh Farias (RJ), um dos parlamentares mais ativos no partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, o atual patamar da Selic – 13,75% ao ano – poderá provocar recessão e colocar o governo em uma crise política.
“Não dá para a gente aceitar crescer 0,79% este ano. Isso é o que nos angustia, a angústia do Lula é essa. Isso aqui é estagnação econômica. Se este cenário se concretiza no final do ano, a gente tem sensação de mal estar, de crise política. Eu acho uma loucura o que ele está fazendo, está com o freio de mão completamente puxado”, afirmou Farias.
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Questionado se o partido manterá a pressão, ele complementou: “Claro, isso aqui é uma loucura para a gente. É como se o presidente estivesse com uma faca no pescoço”.
Para o deputado, o PT não está isolado na discussão sobre a alta de juros.
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“Não é discussão sobre autonomia [do BC], mas sobre um cenário de estagnação com a maior taxa de juros do mundo, com crise das Americanas, restrição de crédito. Não acho que estamos isolados, desde que o Lula levantou a discussão, muita gente começou a se questionar”, disse, citando declarações recentes do economista André Lara Resende.
Lindbergh reforçou que o partido irá pedir a convocação de Campos Neto assim que o Congresso finalizar a formação das comissões, o que está previsto para ocorrer em março. O parlamentar interpreta que, por ter status de ministro, o presidente do BC poderia ser convocado. Ontem, em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultural, o presidente do BC disse que vai “sem problemas” ao Senado para dar explicações.
O entendimento da Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara, contudo, é de que ele só pode ser convidado. A lei que confere autonomia ao BC estipula que ele deve comparecer uma vez por semestre ao Senado para apresentar, em arguição pública, os relatórios de inflação e de estabilidade financeira, “explicando as decisões tomadas no semestre anterior”. Os efeitos, portanto, seriam mais políticos do que práticos.
Uma resolução do PT deve ser entregue hoje às comissões de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, e Finanças e Tributação (CFT), na Câmara, recomendando a convocação. Em paralelo, parlamentares de esquerda estão criando uma “Frente Parlamentar contra os Juros Abusivos”.