Análise: Apelo bolsonarista na ONU

Presidente quer transformar em palanque seu discurso na abertura da Assembleia Geral nesta terça (20), diz Bárbara Baião, do JOTA

(Imagem: Reprodução/ TV Brasil)
(Imagem: Reprodução/ TV Brasil)

Eleito com a promessa de tirar o Brasil da ONU, Jair Bolsonaro vai transformar em palanque o discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para esta terça-feira (20). Se seguir o roteiro desejado pela campanha, o candidato à reeleição deve vestir um figurino moderado para enaltecer a recuperação econômica brasileira, a despeito de outros países diante da elevação do preço dos combustíveis e da inflação. A expectativa é de que a fala contemple ainda associações falsas sobre o risco de retorno da esquerda ao poder.

O fato político que o presidente da República busca criar, a 12 dias do primeiro turno, mira alargar o tempo de exposição da própria campanha na imprensa, a exemplo do que ocorreu no feriado de 7 de setembro. Se, no dia seguinte aos atos, a morte da rainha Elizabeth 2a. diminuiu a repercussão do evento bolsonarista em meios como a televisão, desta vez a viagem internacional trata de evitar o esquecimento na mídia ao se ocupar das duas principais efemérides internacionais, o encontro multilateralista, nos Estados Unidos, e o funeral da rainha, em Londres.

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Organizado às pressas, o embarque de Bolsonaro ocorre em um momento em que políticos envolvidos na campanha admitem cenário de estagnação nos planos de avançar sobre o eleitor do Sudeste, teoricamente mais suscetível, além das questões econômicas, a rejeitar o ex-presidente Lula pela narrativa anticorrupção. Se Bolsonaro não conseguir atrair para si esse voto, que ao menos contribua para aprofundar a abstenção no primeiro turno, o que ajudaria na redução da distância entre os dois candidatos.

É para neutralizar essa lógica que o PT vai concentrar esforços em agendas em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, buscando a antecipação do voto útil na reta final. A estratégia, contudo, não afasta a preocupação de uma ala da campanha, em caso de inviabilidade da vitória antecipada, com o clima de eventual frustração pela disputa no segundo turno.

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A essa altura da corrida, o pêndulo político em Brasília está com as fichas apostadas no retorno do ex-presidente ao Planalto. Sutilmente, Lula tem feito chegar aos ouvidos de presidentes de partidos do centrão que pretende “governar com todos”. Em resposta, tem observado aproximação mais intensa de interlocutores dessas siglas, antes mesmo do desfecho eleitoral.

Sinal de que, sem segundo turno, o PT chegaria fortalecido para oferecer as contrapartidas de formação de base de apoio do Congresso mesmo que a composição lhe seja desfavorável, com a preservação do perfil de centro-direita e o inchaço das bancadas de centro. A paridade de armas também vem do outro lado da praça dos Três Poderes, com a perspectiva de que o Supremo Tribunal Federal interrompa, após a eleição, a liberação das emendas de relator do orçamento federal, nas mãos de políticos aninhados ao projeto bolsonarista. Pelo menos até aqui.

(Por Bárbara Baião, analista de Congresso do JOTA em Brasília)

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