Economia não é a razão de Bolsonaro poupar Putin de críticas, avalia especialista

Ausência de assinatura 'de um grande acordo' no encontro entre o presidente brasileiro e o líder russo no último mês indica outros interesses

Bolsonaro durante reunião com o presidente da Rússia, Vladmir Putin. Foto: Oficial Kremlin
Bolsonaro durante reunião com o presidente da Rússia, Vladmir Putin. Foto: Oficial Kremlin

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender nesta sexta-feira a necessidade de o Brasil manter “isenção” sobre a guerra provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia. Segundo Bolsonaro, a postura de equilíbrio é necessária pela conexão do país com o mundo.

“Hoje temos um problema a 10 mil quilômetros daqui. E a nossa responsabilidade, em primeiro lugar, é com o bem-estar do nosso povo. A nossa postura tem mostrado para o mundo como estamos agindo neste episódio. Estamos conectados com o mundo todo. O equilíbrio, isenção e respeito a todos se faz valer pelo chefe do Executivo. O Brasil não mergulhará em uma aventura. O Brasil tem o seu caminho, respeita a liberdade de todos, faz tudo pela paz”, declarou.

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O mandatário brasileiro tem ido na contramão das principais lideranças do Ocidente, como Estados Unidos, Alemanha e França, que condenaram a invasão russa e aplicaram sanções ao país de Vladimir Putin. Além disso, o presidente tem evitado comentários mais incisivos contra Putin.

A conduta de Bolsonaro em relação ao conflito no Leste Europeu sinalizaria uma preocupação com as dificuldades que produtores brasileiros terão para importar fertilizantes, que hoje vêm em grande parte da Rússia e de Belarus. No entanto, o professor Leonardo Paz, analista de inteligência do FGV-NPII (Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas), não acredita que o comportamento tenha motivo econômico.

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“Bolsonaro visitou recentemente a Rússia para mostrar que não estava isolado internacionalmente. Para ter uma foto ao lado de Putin e agradar a sua base eleitoral”, diz. “Foi um cálculo político e não teve nada a ver com agenda econômica. Tanto que os dois presidentes não assinaram qualquer grande acordo”, afirma.

O professor da FGV acredita que Bolsonaro irá manter a posição, a não ser que a imagem do líder russo fique ainda mais tóxica. “O Bolsonaro valorizou muito o encontro com o Putin e ainda teve o ato falho de demonstrar solidariedade ao tentar ser agradável. Então é difícil voltar atrás”, comenta. “Mas o Bolsonaro já escanteou outros aliados. Se a coisa degringolar, não duvido que passe a criticar o Putin. Tudo para colher dividendos eleitorais”, completa.

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