Economia precisa estar a serviço do projeto político, diz Marcio Pochmann

Economista defende nome com sensibilidade e diz que Meirelles na Economia não será "apenas técnico"

Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA (Imagem: Antônio Cruz/ Agência Brasil)
Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA (Imagem: Antônio Cruz/ Agência Brasil)

O economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto Lula e ex-presidente do Ipea e da Fundação Perseu Abramo, avalia que o perfil do ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não precisa ser essencialmente técnico. O primordial, segundo o professor da Unicamp, é que o chefe da pasta tenha uma visão ampla do projeto político e das prioridades do governo, com capacidade para tocar as medidas econômicas.

“O essencial é a política que estabelece o horizonte sobre o qual a economia deveria estar organizada. Nesse aspecto, mais importante do que a gestão macroeconômica é uma visão do todo, do que será o governo nos próximos quatro anos”, diz o petista ao Valor. “A política deve sustentar condições econômicas melhores.”

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Henrique Meirelles na Fazenda

Para Pochmann, o caminho tende a ser parecido com o de países em que o posto de ministro não é apenas técnico, e sim o de alguém com conhecimento, sensibilidade e “entendimento de que a economia deveria estar a serviço de um projeto político”.

Perguntado sobre o nome de Henrique Meirelles para o ministério, o economista evitou avalizar ou não a eventual indicação, mas disse considerar o ex-presidente do Banco Central um quadro que não é mais apenas técnico, já que comandou o ministério da Fazenda no governo Michel Temer (MDB) e foi candidato à Presidência em 2018. Dentro do PT, há resistência ao nome de Meirelles. Uma das possibilidades aventadas é a indicação de um político moderado do partido.

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O peso da política sobre a economia, aponta Pochmann, está demonstrado na transição, momento em que interlocutores de Lula tentam viabilizar com o Legislativo o acréscimo de promessas de campanha ao orçamento do ano que vem. Hoje de manhã, foi anunciada a ideia da PEC da Transição, voltada para garantir que os custos excedentes relacionados ao Auxílio Brasil fiquem fora da regra do teto de gastos.

Agenda ambiental de Lula

Pochmann participou hoje de evento do Novo Acordo Verde (Nave) em parceria com o Instituto Lula, no Rio de Janeiro. Outra figura influente do entorno do presidente eleito a comparecer foi a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, cotada para integrar o governo.

“A eleição do presidente Lula permite que a gente faça uma repactuação da democracia brasileira”, disse Izabella no evento. “Bloquear o retrocesso é importante, mas entender os caminhos também é de uma relevância absoluta.”

Em entrevista publicada pelo Valor na edição de hoje, a ex-ministra defendeu que a agenda climática esteja associada ao combate à fome no Brasil e no mundo e às desigualdades sociais e ambientais. Também considerou que a ida de Lula à COP27, no Egito, pode fazer a agenda ambiental andar.

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