Eleição nos EUA: equipe de Kamala tem dificuldade para traçar plano econômico

Principal mensagem da democrata se concentra na construção do que ela chama de uma 'economia de oportunidade' em que 'cada americano possa ter uma casa, começar um negócio e construir riqueza'

Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca Foto: Divulgação/Wikimedia Commons
Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca Foto: Divulgação/Wikimedia Commons

Joe Biden assumiu a presidência dos EUA alardeando uma agenda ampla para resgatar a combalida economia americana, com seus assessores comparando essas ambições às de Lyndon Johnson e Franklin Roosevelt. Quase quatro anos depois, Kamala Harris enfrenta um momento muito diferente.

Se ganhar a presidência, assumirá com uma economia relativamente forte e o apetite político por mudanças legislativas caras bastante diminuído. Biden já gastou trilhões de dólares implementando uma agenda ousada.

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Agora, Kamala tenta mapear uma agenda que corresponda às ambições de Biden, mas se enquadrem nessa realidade muito mais restrita – especialmente se o Congresso estiver divido ou totalmente sob controle republicano.

Margem de manobra menor

“Será muito difícil para ela”, diz Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. “Ela não terá o mesmo tipo de carta-branca para gastar. Ela não poderá ser tão ousada. Não há a possibilidade de outro plano de US$ 2 trilhões.”

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Os assessores econômicos da vice-presidente estão se esforçando para montar uma agenda política rapidamente. Há cinco semanas, ela e sua equipe ainda esperavam desempenhar um papel de apoio a um Biden eventualmente reeleito.

Um processo de traçar planos que geralmente leva meses, ou até mesmo anos, para candidatos presidenciais acertarem, foi truncado a pouco mais de 70 dias da eleição de novembro.

Propostas novas se tornam alvo de Trump

Kamala enfrenta o desafio de apresentar um plano diferente enquanto ainda serve sob um chefe impopular, o que torna difícil rejeitar posições de Biden.

E cada proposta de política que ela apresenta dá munição política ao seu adversário, o ex-presidente Donald Trump. O candidato republicano vem atacando Kamala por não ser específica o suficiente em seus planos, embora ele também venha evitando fornecer detalhes de muitas de suas propostas.

Até agora, Kamala adotou muitas das sobras de Biden — o conjunto de propostas que ele não conseguiu aprovar no Congresso, como licença parental remunerada e cuidados infantis acessíveis.

‘Biden 2.0 plus’

Ela também propôs versões reformuladas ou ampliadas de outras políticas de Biden, como um crédito fiscal infantil mais generoso, numa agenda que pode ser resumida como “Biden 2.0 plus”.

Kamala planeja desenvolver as políticas do governo Biden que ela quer enfatizar, com uma mensagem econômica que busca uma conexão melhor com os eleitores.

“É claro que não podemos descartar o fato de que ela é a vice em exercício, mas isso [usar planos não aprovados ainda] vai parecer diferente e uma mudança material”, diz Rohini Kosoglu, um assessor político de Kamala, sobre um possível governo dela.

A mensagem de Kamala na campanha eleitoral se concentra na construção do que ela chama de uma “economia de oportunidade” em que “cada americano possa ter uma casa, começar um negócio e construir riqueza”.

Mais incentivos para pessoa física

Na semana passada Kamala divulgou um plano que estabelece a meta de três milhões de novas moradias em seus quatro anos de mandato, para enfrentar o déficit habitacional que vem contribuindo para os preços altos dos imóveis.

Ela também propôs incentivos fiscais para ajudar as pessoas que compram imóveis pela primeira vez, incluindo uma ajuda de pagamento inicial de US$ 25.000.

A Casa Branca e diretores de campanha analisaram pesquisas que mostram que o custo do aluguel e as altas taxas dos financiamentos imobiliários são uma grande frustração para os eleitores, mesmo com a inflação recuando em outras partes da economia.

Tentativa de controlar preços

Kamala ganhou as manchetes ao propor o que ela chamou de a primeira proibição federal de aumento abusivo dos preços de alimentos e mantimentos.

O plano foi recebido com escárnio por Trump e seus aliados, que o compararam aos controles de preços ao estilo soviético e a apelidaram de “camarada Kamala”.

O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, disse a jornalistas esta semana que se Kamala vencer, os senadores do partido pretendem se concentrar em aumentar a oferta de moradias disponíveis, reduzir as emissões dos gases do efeito estufa e eliminar os cortes de impostos da era Trump.

Sem tempo para notas de rodapé

Os assessores políticos de Kamala estão trabalhando em propostas adicionais que poderão ser lançadas nas próximas semanas, incluindo um plano para estimular pequenas empresas.

Mas assessores disseram não esperar que sua agenda inclua o nível de detalhes desejado pelos especialistas em política de Washington. Os eleitores, eles dizem, estão interessados apenas em traços gerais.

“Pessoas comuns não têm tempo para notas de rodapé”, disse Chauncey McLean, presidente do Future Forward, um super PAC que apoia Kamala. “Eles não estão em busca de documentos técnicos.”

Com informações do Valor Econômico

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