Entenda caso de fraude em cartão de vacinas de Bolsonaro que resultou em operação da PF

Caso de fraude em cartão de vacina teria sido realizado na véspera de ida do ex-presidente aos Estados Unidos; Bolsonaro nega ter alterado registro

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (3) a operação Venire, que apura um esquema de falsificação no cartão de vacinas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso envolve aliados próximos do ex-mandatário, como o ajudante de ordens e tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, preso pela PF nesta manhã. Além de Mauro Cid, outras cinco pessoas, entre elas assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo menos um nome ligado à prefeitura de Duque de Caxias, foram retidas.

A investigação mira um suposto esquema de fraude em certificados da vacina de covid-19. Bolsonaro teria sido um dos beneficiados. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão. A PF apreendeu o aparelho celular do ex-presidente na casa dele no bairro do Jardim Botânico, em Brasília (DF).

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Quem autorizou a operação Venire?

Ao todo, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito das “milícias digitais”, que investiga ataques online a membros da Corte, além da ação de grupos bolsonaristas nas redes.

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Quem foi preso pela PF na operação contra Bolsonaro?

O principal aliado do ex-presidente preso na operação foi o ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa. Ele também é investigado em outros casos que miram Bolsonaro, como o das joias milionárias que o ex-presidente ganhou de presente de autoridades da Arábia Saudita.

Também foi preso Max Guilherme Machado de Moura, que é segurança de Bolsonaro e foi sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Outro nome alvo da PF foi Sergio Cordeiro, militar do Exército, que também atuou na proteção pessoal do ex-presidente.

O secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, está entre os detidos na operação da PF. Ele teria autorizado o cadastro de duas doses da vacina contra a covid-19 Pfizer na cartão de vacinação de Bolsonaro.

Também estão entre os presos Luis Marcos dos Reis e Ailton Gonçalves Moraes Barros.

Quando o cartão de vacina de Bolsonaro foi falsificado?

Segundo a PF, as inserções falsas no cartão de vacina do ex-presidente ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. As falsificações teriam permitido que os investigados emitissem os respectivos certificados de vacinação e os utilizassem para “burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19”.

“A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”, afirmou a PF.

De acordo com a corporação, os fatos investigados configuram, em tese, crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

O que diz Bolsonaro sobre falsificação em sua cartão de vacina?

Em resposta à operação da PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que não alterou o seu cartão de vacinação. Ao mesmo tempo, ele afirma que não tomou a vacina contra a covid-19, confirmando que as duas doses da vacina da Pfizer foram falsificadas no cartão.

“Não existe adulteração da minha parte. Não existe. Não tomei a vacina, nunca neguei isso”, disse o ex-presidente a jornalistas na frente da residência dele. “Realmente fico surpreso pela busca e apreensão. Acho que todo mundo é igual, todo mundo é cidadão”, completou. Bolsonaro nunca negou, mas também não confirmou se recebeu as injeções de imunizantes contra a doença.

Segundo ele, a PF estava fazendo a busca e apreensão “na casa de um ex-presidente para criar um fato” político. Bolsonaro também relatou que a esposa dele, Michelle Bolsonaro, tomou a vacina nos Estados Unidos.

Conforme apuração da TV Globo, além do cartão de Bolsonaro, a filha do ex-presidente também teve seu documento de vacinação adulterado ilegalmente.

“[Já] a minha fila Laura, por quem eu respondo, que atualmente tem 12 anos, também não tomou a vacina”, confirmou o ex-presidente.

Celular de Bolsonaro é apreendido

Bolsonaro ainda relatou que seu telefone celular foi apreendido pela PF na manhã desta quarta-feira, durante a operação da PF, que cumpriu mandados de busca e apreensão em uma residência do ex-presidente em Brasília.

Além do ex-presidente, a Michelle Bolsonaro também teve o celular apreendido, em um primeiro momento. A PF, contudo, após obter a senha de Michelle, fornecida pela própria ex-primeira-dama, e acessar o dispositivo, decidiu por não apreendê-lo. Michelle não foi um dos alvos da operação Venire.

“Meu telefone não tem senha. Não tenho nada a esconder sobre nada”, comentou Bolsonaro. O celular do ex-presidente vai passar por uma perícia.

Aliados e advogado defendem Bolsonaro

O advogado de Jair Bolsonaro, Marcelo Luiz Ávila de Bessa, afirmou nesta quarta-feira que considera a operação de busca e apreensão algo “precipitado e arbitrário”. Mas o advogado também disse que ainda não teve acesso ao inquérito do caso.

“Nós não temos maiores informações de por que fizeram esse ato, que considero precipitado e arbitrário. Após termos acesso ao inquérito, daremos novas informações”, disse Bessa a jornalistas na frente da casa de Bolsonaro.

Já o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse, por meio de sua conta no Twitter, que o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma “pessoa correta, íntegra, que melhorou o país e procurava sempre seguir a Lei”.

“Confiamos que todas as dúvidas da Justiça serão esclarecidas e que ficará provado que Bolsonaro não cometeu ilegalidades”, tuitou Costa Neto.

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