Estagflação? Guerra comercial pode pressionar preços pelo mundo e barrar crescimento, diz Santander
Comércio fragmentado pode reduzir produtividade ao mesmo tempo que eleva preços pelo mundo, diz economista-chefe do Santander

As medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com relação à imposição de tarifas contras parceiros comerciais pode causar impacto indireto de fragmentação do comércio sobre a economia mundial e a do Brasil. Nesse sentido, a confirmação de uma guerra comercial poderia causar estagflação na economia global.
A percepção é de Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander. Assim, Vescovi lembra que a economia globalizada possibilita às pessoas ter acesso a melhores produtos pelos melhores preços possíveis.
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Propostas de Trump podem fragmentar comércio e gerar estagflação
Nesse sentido, um comércio fragmentado torna menos eficiente a produtividade, com riscos inflacionários. Assim, pode haver um cenário com estagflação e isso, avalia, será modulado ao longo do tempo, porque o crescimento robusto está ligado à maior integração do comércio.
Há também, diz ela, os impactos específicos setoriais no Brasil, com as taxações já estabelecidas e a política de reciprocidade.
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O Brasil taxa, em média, em 14% as importações de produtos americanos e os EUA taxam os produtos brasileiros, em média, em 4%, diz.
A balança comercial bilateral como um todo, diz, tem resultado equilibrado.
No cenário brasileiro de 2025, diz Vescovi, o banco vê uma desaceleração da esperada alta de 3,5% do PIB em 2024 para crescimento estimado de 1,8% em 2025. A desaceleração diz, deve ser puxada pelas atividades cíclicas.
Para ela, o Banco Central deve atuar “mais fundo” nos juros neste momento. A Selic mais alta, diz ela, deve afetar mais a atividade do segundo semestre e, entre os desafios para o BC, será a política fiscal.
É preciso engajamento da sociedade no ajuste fiscal, diz economista
Na questão fiscal, diz Vescovi, o desafio maior será em 2026. Ela defende que é preciso o engajamento da sociedade no ajuste fiscal.
“É preciso controlar despesas, que fique bem claro.” O nível de crescimento das despesas, diz, precisa cair de 4% ao ano para 2% ao ano.
Para ela, é viável ao governo controlar as despesas no limite em 2025 e também cumprir a meta fiscal.
Será preciso, porém, um nível de contingenciamento entre R$ 17 bilhões e R$ 25 bilhões para garantir o cumprimento do limite de despesas neste ano.
Além disso, aponta, há desafios também no campo das receitas.
Com informações do Valor Econômico.