Fávaro: Lula estuda utilizar BNDES para converter áreas de pastagens em cultivo

Fávaro quer dobrar produtividade do agronegócio enquanto diminui o desmatamento; senador é cotado para assumir ministério

O senador Carlos Fávaro, do PSD, apoiou Lula no segundo turno e o ajudou na ponte com o agronegócio (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
O senador Carlos Fávaro, do PSD, apoiou Lula no segundo turno e o ajudou na ponte com o agronegócio (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Cotado para assumir o Ministério da Agricultura, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) se reuniu com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na capital federal, nesta segunda-feira, para discutir projetos para o setor. Segundo ele, uma das propostas que pode ser implementada com a ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma linha de crédito para converter 5% das áreas de pastagens em áreas de cultivo, de forma a desestimular o desmatamento.

Segundo Fávaro, Lula avaliou essa ideia como positiva e pediu que ele já trate do tema diretamente com o futuro presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (PT-SP), e com o ex-governador Rui Costa (PT-BA), que foi escolhido para ocupar a Casa Civil da gestão petista. A reunião entre o senador e os dois petistas deve acontecer ainda está semana.

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“[Discutimos] uma linha de crédito para o BNDES para a gente incorporar em torno de 5% da área de pastagens para a agricultura, tornar área produtiva. Não é nada dado ao produtor. Gera produção, emprego e resultado na balança comercial e, principalmente, tira a pressão sobre novos desmatamentos”, afirmou.

Fávaro fez ponte entre Lula e agronegócio

O senador do PSD foi uma peça fundamental na campanha eleitoral porque ajudou Lula a fazer uma aproximação com setores importantes do agronegócio, um dos mais resistentes ao apoio de pautas do presidente eleito e ligado ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Mais recentemente, Fávaro também participou do grupo de trabalho (GT) que preparou, a pedido do governo de transição, um relatório sobre medidas a serem tomadas na área do agronegócio.

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Neste sentido, o senador aproveitou para garantir que, a partir de janeiro, o desmatamento será punido rigorosamente e não haverá mais “passar a boiada”, numa indireta ao governo Jair Bolsonaro e ao ex-titular do Meio Ambiente Ricardo Salles.

“Se o cara for fazer novos desmatamentos, ele vai com recursos próprios e com risco de punições que, não tenho dúvidas, serão severas. Não vai ter passar boiada. Agora, se você quer fazer a coisa certa, converter pastagens e integrar ao sistema produtivo, vai ter financiamento”, disse Fávaro.

Na avaliação do senador, se o futuro governo conseguir converter 5% das áreas de pastagens por ano, o Brasil pode dobrar sua área produtiva. “Com 5% ao ano, em 20 anos é possível dobrar tudo que foi feito. E tem terras propiciais pra isso, sem precisar ir lá no Pantanal”, disse Fávaro, em referência ao desmatamento e queimadas na região matogrossense e sul-matogrossense.

“Ninguém quer plantar soja, milho no Pantanal. O Brasil tem 150 milhões de hectares em pastagens e desses 150 milhões, 40 milhões são propícias pra agricultura. Tudo que foi feito de 1500 até hoje, em 20 anos a gente dobra, de forma sustentável, equilibrada, buscando carbono neutro e tirando a pressão sobre novos desmatamentos”, complementou.

Embrapa e Conab no Lula 3

Por fim, o senador do PSD afirmou que Lula também demonstrou conhecimento sobre o “sucateamento” da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e defendeu fortalecer a empresa novamente. Além disso, eles debateram como será feita a gestão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com Fávaro, a ideia é que o órgão tenha sua gestão compartilhada entre o Ministério da Agricultura e outro ministério. “A questão da Conab precisa ser ajustada. O caminho é o compartilhamento”, explicou.

Apesar de todas essas negociações, Fávaro negou que já esteja certa sua indicação como ministro da Agricultura. Por outro lado, ele enfatizou que, se Lula o indicar para a chefia, sua suplente no Senado não será um problema para a base aliada do governo petista. A primeira suplente de Fávaro é Margareth Buzetti, nome conhecido do PP do Mato Grosso, legenda que apoia Bolsonaro. “Isso [minha suplente] já está superado. Chamei ela à racionalidade e meus dois suplentes virão para o PSD”, rebateu.

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