Governo terá como manter auxílio de R$ 600 sem expansão fiscal, diz economista
Manoel Pires. da FGV, diz que em 2023 não deverá ter expansão fiscal e inflação ainda preocupa
A partir do resultado destas eleições, com o desfecho da corrida presidencial neste domingo (2) ou depois de um segundo turno, os olhares se voltam para as políticas econômicas a serem implementadas nos próximos quatro anos.
Para Manoel Pires, coordenador do Núcleo de Política Econômica e do Observatório de Política Fiscal da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma discussão sobre o teto de gastos deve acontecer tanto se Lula (PT) quanto se Jair Bolsonaro (PL) for eleito.
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“Em ambas as candidaturas há essa discussão, pois há um desconforto com a regra do teto. Outra questão fiscal que deve receber atenção é como o governo vai discutir o Orçamento, para manter o auxílio de R$ 600 e lidar com o reajuste de salários de servidores”, comentou no GPS Eleitoral, programa do JOTA, em parceria com o Inteligência Financeira, que, neste domingo, acompanha ao vivo os rumos das eleições.
Segundo Pires, as perspectivas do mercado sobre o crescimento do Brasil estão mais pessimistas do que o que ele calcula, mas o cenário não é positivo, com desaceleração no cenário global.
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Há ainda outros desafios, internos ou impactados pelo cenário externo. “No campo econômico, há ainda inflação, que é melhor do que estava há quatro meses, mas não é confortável; a mesma lógica vale para crescimento, pois a economia global deve desacelerar”, comentou.
Pires não considera que 2023 deve ser um ano de expansão fiscal, apesar dos desafios colocados. “A política fiscal deve atuar mais em neutralidade do que em expansão, mas isso dependerá de como o governo vai lidar com o aumento de gastos, com o auxílio e os reajustes para servidores. Se tomar boas decisões, não é difícil ter uma política fiscal dentro da normalidade”, avaliou.
Segundo ele, os principais riscos fiscais em 2023 são relacionados ao pagamento de precatórios, que foi adiado; o ressarcimento aos estados pela diminuição do ICMS dos combustíveis; e as negociações com ou sem o chamado orçamento secreto no Congresso.
Para Fabio Graner, analista de Economia do JOTA, os impactos de um eventual desfecho da corrida presidencial neste domingo pode ter impactos no planejamento econômico.
“Se houver vitória no primeiro turno, o candidato sai com muita força política e muito poder de barganha com o Congresso para aprovar suas medidas. Fazer negociações como recurso extra teto ou um novo modelo fiscal ficaria mais fácil para Lula, por exemplo”, disse.