Guerra em Israel será duradoura e Eurasia teme novo fronte com Hezbollah
Cientista político da Eurasia conta à Inteligência Financeira porque ele não enxerga uma solução de curto prazo para a guerra em Israel
O ataque do grupo palestino Hamas a Israel no último sábado (7) deu início a um conflito que deve ser duradouro na visão do cientista político da Eurasia, Christopher Garman.
Em sua análise, o especialista cita que os reféns israelitas capturados pelo grupo islâmico devem prolongar o desfecho do conflito, dado que as negociações para a libertação deles “costumam demorar”.
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A reação das forças de Defesa do Estado de Israel em Gaza tende a ser mais suave, conforme o Hamas pressione por meio de ameaças aos reféns, explica Garman.
O Hamas fez o uso dos israelenses capturados para tentar impedir futuros bombardeios e uma invasão por terra da faixa de Gaza, enquanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a resposta do país deve “mudar o Oriente Médio”.
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Desdobramentos da guerra em Israel, segundo a Eurasia
Para Garman, o primeiro desdobramento da guerra em Israel será a tentativa de erradicar líderes do Hamas. A ofensiva, contudo, será “delicada” nas palavras do especialista, pois os militares devem considerar os reféns israelitas capturados.
“Por isso mesmo limita parte das ações de uma invasão terrestre completa por parte de Israel. Geralmente relações com reféns apontam para um cenário de conflito maior”, diz Garman.
A segunda consequência da guerra é o impacto na imagem do primeiro-ministro de Israel. O ataque do Hamas pegou as forças de Defesa de Israel de surpresa em um “evento de falha de segurança enorme”.
“Isso pegou mal para Netanyahu. A foto fica ruim para liderança dele quando a questão é a segurança”, completa Garman.
Em um editorial contundente, o Haaretz, principal jornal israelense, apontou na segunda-feira (9) o primeiro-ministro de Israel como o responsável pelos ataques sem precedentes orquestrados pelo Hamas, que deixaram, até o momento, mais de mil mortos.
Envolvimento do Hezbollah é de ‘grande potencial’
Além disso, a guerra, prevê o cientista político da Eurasia, pode escalar para o outro lado de Israel, na fronteira com o Líbano. “Aqui estamos mais de olho no flanco com o Hezbollah e menos no flanco com Irã. O risco (de entrada do Hezbollah na guerra) é grande.
“O terceiro ponto é que existe um potencial desse conflito entre Israel e Hamas crescer para além de Gaza.
Christopher Garman, cientista político da Eurasia
A entrada do Hezbollah, diz Garman, seria oportuna quando o grupo libanês, rival histórico de Israel, sentir que a liderança do Hamas está prestes a perder o conflito. “É o maior risco de curto prazo para Israel”, diz o cientista político.
Ele, contudo, não acredita que Israel queira um conflito com o Irã. Sob a alegação de ter apoiado o Hamas na invasão, a nação árabe negou envolvimento, segundo a emissora CNN.
‘Investidas diplomáticas dos EUA são a vítima’, diz Garman
Por fim, de acordo com Garman, a vítima geopolítica do conflito é a investida diplomática dos Estados Unidos no Oriente Médio. A maior delas é a tentativa do governo norte-americano de aproximar Israel de outra potência local, a Arábia Saudita.
Em agosto, os EUA chegaram a um acordo parcial com a Arábia Saudita para que a nação árabe reconhecesse Israel. Em troca, o país judaico daria concessões a palestinos, enquanto os EUA garantiria a segurança dos sauditas.
Esse acordo foi pelos ares, conforme aponta Garman. “A vítima é normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita. Isto morreu.”