Haddad diz ser “mais prudente” discutir nova âncora fiscal após a transição

Durante evento da Febraban, Haddad afirmou que a prioridade do governo Lula será a aprovação da reforma tributária

Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, falou à Globonews (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)
Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, falou à Globonews (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)

Cotado para assumir o posto de ministro da Fazenda no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou hoje que entende como “mais prudente” fazer a discussão de uma nova âncora fiscal para o país apenas no ano que vem, após a fase de transição de governos.

Haddad a declaração em entrevista a jornalistas na saída do almoço de fim de ano da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), do qual participou em nome de Lula.

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“Essa questão [sobre uma âncora fiscal para ser implementada no lugar do teto de gastos] vai se resolver, vai ter um desfecho”, afirmou Haddad. “O que eu vim dizer aqui é que esse desfecho será dialogado”, prosseguiu.

Em mais de uma ocasião, Haddad ressaltou que o atual governo estourou o teto de gastos em mais de R$ 800 bilhões.

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Previamente, durante o pronunciamento feito aos banqueiros, Haddad disse que a principal prioridade do governo Lula para o ano que vem é a aprovação da reforma tributária. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também falou no evento como convidado.

Propostas de Arminio Fraga e Felipe Salto

Ele lembrou que há várias propostas de nova âncora publicamente colocadas. Citou, especificamente, estudos provenientes do Tesouro Nacional e propostas dos economistas Felipe Salto, ex-secretário executivo da Fazenda do estado de São Paulo, e Armínio Fraga, ex-diretor do Banco Central.

“É preciso promover a transição para a gente fazer esse ajuste”, defendeu. “O que aconteceu no meio da eleição [a aprovação da chamada PEC Kamikaze] acabou promovendo uma desorganização e uma deseducação de como gerir o orçamento público”, afirmou.

Incitado a dizer se a discussão de uma nova âncora deve ficar para depois da transição, afirmou: “Eu acredito que é o mais prudente”.

“Uma coisa é reconhecer uma disfunção orçamentaria que foi produzida pelo próprio governo”, disse na sequência. “Outra coisa é [construir] uma regra durável que vai durar dez anos, vai durar vinte anos, que pode ser revista, mas que tem de ter uma sustentabilidade. Ela [a âncora fiscal] tem de ser crível. A pior coisa é você ter uma regra que não é crível, que as pessoas não confiam mais. Aí você vai perder a respeitabilidade dos investidores. Se é uma coisa crível, você vai sustentar seu discurso e o país vai engatar”, concluiu Fernando Haddad.

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