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Haddad promete novo arcabouço fiscal em março e ‘sangue frio’ com mercado financeiro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que, provavelmente, em março, vai anunciar o novo arcabouço fiscal, proposta que deve substituir o modelo atual do teto de gastos.
“Em março provavelmente vamos anunciar o que seja a regra fiscal adequada para o país. Já tínhamos puxado para abril por causa da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], mas Tebet [Simone] e Alckmin [Geraldo] ponderaram que era bom ter período de discussão”, afirmou em evento realizado pelo BTG.
Haddad está ‘confiante’ em laços entre Congresso e governo
Segundo o ministro, a equipe econômica está estudando há dois meses regras fiscais do mundo inteiro. “Nenhum país adota teto de gastos porque você não consegue atingir”, destacou.
Haddad afirmou que a relação entre o governo e o Congresso Nacional será testada com as primeiras votações, que começam a ocorrer agora. “Vamos testar as primeiras votações com o Congresso agora, estou confiante porque vejo gestos de boa vontade dos presidentes da Câmara e do Senado”, frisou, citando a MP do Carf que, segundo o ministro, o modelo é “uma excrescência que não existe no mundo”.
O ministro ainda disse que a reforma tributária é muito importante não pelos efeitos imediatos, mas para dissipar riscos fiscais jurídicos. “Nesta semana fui ao STF defender a saúde financeira dos Estados no processo sobre Difal”, afirmou.
Haddad ainda destacou que “está todo mundo de olho no Brasil, há problemas geopolíticos colocando vários países em situação complicada”. “Mas a situação é paradoxal, temos que tomar medidas e ser ágeis”, contou.
‘Precisamos de sangue frio’ diz Haddad sobre mercado
Haddad também afirmou durante o evento do BTG Pactual que tirou as telas de operação do mercado de sua frente porque “cada espirro em Brasília gera turbulência”.
“Eu disse ao presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] que precisamos de sangue frio porque ele vai andar em corda bamba”, disse Haddad em evento do BTG, acrescentando que também falava ao presidente que o começo seria “duro” porque as pessoas não têm consciência da herança recebida do governo anterior.
Críticas ao governo Bolsonaro
Haddad lembrou que, nos últimos 15 dias do governo anterior, foram anunciadas medidas que implicavam uma renúncia fiscal de R$ 20 bilhões, como a medida provisória que concedia desoneração de impostos à instituições não financeiras. “Se não tivessem cometido os erros cometidos, não teríamos ganhado a eleições”, frisou.
Para o ministro, “ainda tem muita melancia fora do lugar dentro do caminhão, mas daqui a pouco as coisas vão se normalizando” e o governo vai anunciando as medidas e as “coisas vão ficando mais claras”.
Haddad ainda mencionou que boa maneira de ver se a pessoa é estadista é ver o quela faz quando perde uma eleição. “É muito fácil ver quem se portou de maneira adequada no Brasil e quem não fez”.
Como Haddad chegou ao Ministério da Fazenda
Durante o evento, Haddad disse que, antes de ser convidado para o cargo, Lula o perguntou sobre o que ele pensava da economia.
O ministro conta que respondeu que os melhores anos do Brasil foram os oito de seu governo, que, em alguns momentos, tomou medidas impopulares, mas colheu rapidamente os frutos; e que o presidente favoreceu os segmentos vulneráveis sem desfavorecer nenhum outro.
Haddad destacou que para ser ministro da Fazenda não basta ser um grande economista, tem que encaminhar soluções. “Os grandes macroeconomistas estão dizendo que nosso arcabouço fiscal não está funcionando”.
Para ele, existem “formas e formas de endereçar o assunto fiscal e o monetário, às vezes exige paciência”. “Você não pode imaginar que tem a solução pronta, não é ciência exata”, disse. “Na Economia, é importante saber como os outros vão reagir ao que você acha certo”, complementou.
Fazenda e Banco Central
O ministro pretende anunciar medidas de crédito, em parceria com o Banco Central (BC), ou somente na Fazenda. Ele também pretende lançar iniciativas regulatórias para destravar investimentos, o que exige redução de taxa de juros.
Sobre reforma tributária, o ministro disse que é preciso partir de princípios, por exemplo, de que a indústria e os pobres pagam mais imposto. O ministro ainda disse que ouviu muitas empresas em Davos dizendo que querem investir no Brasil.
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