IF Hoje: Bolsa repercute IPCA, que veio abaixo do esperado; Lula embarca para a China

Consenso projetava que o IPCA avancaria 0,77% no mês e chegaria a 4,70% nos últimos 12 meses, desacelerando ante os 5,60% dos 12 meses terminados em fevereiro

Lula discursa em evento referente aos 100 dias de mandato - Foto: Ricardo Stuckert
Lula discursa em evento referente aos 100 dias de mandato - Foto: Ricardo Stuckert

Hoje o mercado abriu já sabendo o resultado da inflação brasileira de março e assim vai passar a maior parte do pregão, repercutindo o dado, que veio abaixo das projeções e pode aumentar as expectativas de corte nos juros, recuo nas taxas de juros futuros (DIs) e possivelmente vai fazer o Ibovespa avançar.

Outro fato importante do dia será a viagem do presidente Lula e sua caravana à China. Adiada devido a uma pneumonia no final de março, o encontro com os líderes chineses promete fazer o mandatário brasileiro voltar para casa com a mala cheia de acordos e uma farta agenda positiva.

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IPCA

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,71% em março na comparação com fevereiro, divulgou na manhã desta terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou abaixo da expectativa do mercado financeiro – de 0,77% – e da taxa de fevereiro (0,84%).

Últimas em Política

No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 4,65%. A expectativa do mercado era de desaceleração para 4,71%. No ano, o IPCA sobe 2,09%.

Vilão do mês

A reoneração de impostos dos combustíveis fez o preço da gasolina subir 8,33% no mês passado e o item foi o principal responsável pela alta do IPCA, com peso de 0,39 ponto percentual no índice. O etanol também teve avanço significativo, de 3,2%.

Alimentos e bebidas em desaceleração

A inflação de Alimentos e Bebidas segue desacelerando e avançou 0,05% em março. Em fevereiro, o grupo teve alta de 0,16%. A leitura de março mostra que os preços da alimentação em casa, que passaram de alta de 0,04% em fevereiro para queda de 0,14% no mês passado, foram os principais fatores de desaceleração do grupo.

Artigos para casa em queda

O único dos nove grupos a apresentar queda foi o de Artigos de Residência (-0,27%). O recuo foi puxado pelos itens de TV, som e informática (-1,77%), televisores (-2,15%) e computadores pessoais (1,08%). Os eletrodomésticos e equipamentos (-0,23%) também caíram, após alta de 0,45% em fevereiro.

Previsões do boletim Focus

As expectativas dos economistas para a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, neste ano aumentaram pela segunda semana seguida, de acordo com o Boletim Focus desta segunda-feira.

Mesmo com um ajuste tímido para cima, de 5,96% para 5,98%, a sequência na trajetória de subida aponta um cenário ainda desafiador para o Banco Central, que segue sendo pressionado pelo governo para baixar os juros.

Mas lembrando, o Focus trás um número mediano retirado das projeções dos analistas. Eles mudam toda a semana e vão se adaptando aos fatos. No ano passado, a inflação tinha trajetória de queda e o PIB de alta até a semana da inflação. Depois o mercado retomou a tendência de subida.

Para se ter uma ideia, a inflação projetada pelo Focus em janeiro de 2021 para todo aquele ano era de 3,32%, e o resultado final foi de 10,06%.

Temporada de balanços 1T23

A temporada de resultados do primeiro trimestre já começa na sexta-feira com os grandes bancos americanos. Aqui no Brasil ela começa oficialmente em 18 de abril, com a Romi. No dia 25, sai o balanço do Santander.

Os investidores vão estar atentos à saúde financeira das empresas, além de como essas companhias estão lidando com o ambiente macroeconômico desafiador, com juros altos e possibilidade de recessão.

Segundo a estrategista-chefe da XP Investimentos, Jennie Li, as expectativas são baixas e o mercado já espera uma contração de lucros das empresas americanas do S&P 500 na casa de 6% na comparação com o primeiro trimestre de 2022.

Aqui no Brasil o cenário não é muito melhor, os juros em alta pressionam as empresas, enquanto a economia fraca afeta a demanda e exterior derruba as perspectivas para as exportadoras.

Lula na China

Lula embarca hoje e chega na China nesta quarta-feira (12) para uma das mais importantes visitas de Estado do início de seu terceiro mandato, juntamente com uma comitiva com empresários, governadores, senadores, deputados e ministros.

A programação inclui visitas oficiais, conversas bilaterais, e assinaturas de diversos acordos.

O objetivo do governo brasileiro é reforçar relações com aquele que é o principal parceiro comercial do país desde 2009.

Em 2022, a China importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional. O volume comercializado, US$ 150,4 bilhões, cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país, em 2004.

Mesmo com o adiamento da visita do presidente Lula ao país asiático no fim de março por questões de saúde, parte da comitiva que havia viajado à China conseguiu importantes resultados, especialmente na agricultura e pecuária, como o fim do embargo à venda de carne bovina do Brasil para o país, obtido em tempo recorde, apenas 29 dias de suspensão.

Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que havia viajado para Pequim antes da comitiva presidencial, as autoridades chinesas se mostraram receptivas em todos os encontros, e a ida da comitiva presidencial ao país poderá facilitar a assinatura de novos acordos.

“Tratativas importantes que há muitos anos a gente sonhava devem se concretizar com a presença do presidente Lula na China”, destacou o ministro.

Uma delas é a certificação digital, que deve tornar o trâmite de produtos mais rápido e confiável, diminuindo a burocracia para os exportadores brasileiros.

O acordo que prevê a operação direta entre o real e o yuan, a moeda chinesa, sem necessidade de dolarização, também deve facilitar o comércio entre os dois países.

Outras áreas de destaque na pauta do evento incluem o turismo entre os dois países, e investimentos.

Os programas brasileiros de combate à fome, de proteção ao meio ambiente e de desenvolvimento sustentável poderão ser vistos novamente como referência pelo governo chinês.

Cerca de 20 acordos bilaterais deverão ser assinados durante a visita. Um deles será para a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos em parceria entre Brasil e China. O diferencial do novo modelo é uma tecnologia que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica mesmo com nuvens.

Na China, o presidente Lula viajará acompanhado por uma delegação oficial que inclui os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social).

A delegação brasileira também irá incluir os governadores Jerônimo Rodrigues, da Bahia, Elmano de Freitas, do Ceará, Carlos Brandão, do Maranhão, Helder Barbalho, do Pará, e Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte.

Compromissos

Pela nova programação, a visita da comitiva brasileira começa em Xangai. Pela manhã, Lula irá participar da cerimônia de posse de Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco de fomento dos BRICS.

À tarde, ele terá encontros com empresários, e à noite viajará para Pequim.

Na sexta-feira (14), a agenda oficial na capital chinesa inclui uma reunião pela manhã com o Presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji, no Grande Palácio do Povo. Depois, o presidente irá depositar flores em uma cerimônia na Praça da Paz Celestial.

À tarde, Lula se encontrará com lideranças sindicais e depois voltará ao Grande Palácio do Povo, onde se reunirá com o Primeiro-Ministro da China, Li Qiang, e depois será recebido em cerimônia oficial pelo presidente Xi Jinping.

A programação terá um encontro aberto, uma cerimônia para assinatura de acordos bilaterais e depois um encontro bilateral fechado.

Depois disso, haverá uma cerimônia de troca de presentes, registro de fotos e, por fim, um jantar oficial.

No retorno ao Brasil, o avião presidencial irá pousar em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para uma visita oficial no próximo sábado, 15/4.

Relações Bilaterais

A visita faz parte da reconstrução das relações internacionais do novo governo brasileiro, que inclui as viagens já feitas à Argentina, onde também ocorreu a reunião da Celac, ao Uruguai e aos Estados Unidos, além das reuniões com líderes europeus que vieram para a posse em janeiro.

Esta será a terceira visita oficial do presidente brasileiro à China. A relação entre os dois países se estreitou – e a balança comercial passou a crescer de forma contínua e sustentada – desde 2004, com a primeira visita do presidente Lula a Pequim. A segunda vez foi em 2009.

Parceiros Comerciais

O ano de 2023 é o cinquentenário do início das relações comerciais entre Brasil e China.

A primeira venda entre os dois países aconteceu em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras.

Em 2022, o produto brasileiro mais vendido para o mercado chinês foi a soja, com 36% do total exportado, seguido pelo minério de ferro com 20% e o petróleo com 18%.

O perfil da exportação mudou um pouco em janeiro e fevereiro de 2023, com o petróleo na liderança com 23%, seguido pela soja (22%) e o minério de ferro (21%).

O comércio com a China foi alavancado nos dois primeiros mandatos do presidente Lula. Em 2003, seu primeiro ano na presidência, as exportações para o mercado chinês somavam apenas US$ 4,5 bilhões e as importações, US$ 2,1 bilhões, um volume comercial de US$ 6,6 bilhões.

No último ano do segundo mandato, em 2010, as exportações tinham crescido 582%, para US$ 30,7 bilhões, as importações foram para US$ 25,6 (aumento de 1.100%), para um volume comercial de US$ 56,3 bilhões (crescimento de 753%).

Agenda do dia

Brasil: O dado da inflação oficial (IPCA) a respeito do mês de março e do acumulado de 12 meses foi divulgado às 9h pelo IBGE. O IPCA ficou em 0,71% no mês e em 4,65% no acumulado em 12 meses.

O mercado projetava que a inflação brasileira avançaria 0,77% no mês e chegaria a 4,70% nos últimos 12 meses, mostrando desaceleração ante os 5,60% anotados nos 12 meses terminados em fevereiro.

Já a União Europeia divulga vendas no varejo de fevereiro e no acumulado de 12 meses.

Por fim, África do Sul e México têm dados de Produção Industrial de fevereiro e anual.

Mercado ontem

A volta do feriado de Páscoa trouxe consigo um certo alívio no mercado financeiro. Os investidores olharam para a expectativa de inflação no Brasil ao mesmo tempo em que repercutiram os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos.

O Ibovespa aproveitou o momento positivo e fechou em alta de 1,00%, aos 101.832 pontos, tendo ultrapassando os 102 mil pontos por diversos momentos ao longo do pregão. O dólar não seguiu o movimento e fechou em alta de 0,17% ante o real, a R$ 5,0660.

O boletim Focus divulgado pela manhã atraiu a atenção do mercado ao mostrar que a mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial brasileira de 2023 voltou a subir, agora de 5,96% para 5,98%.

O mercado ainda repercute o relatório de empregos dos Estados Unidos em março, que foi divulgado na sexta-feira, enquanto as bolsas estavam fechadas por conta da Páscoa.

O documento mostrou que os EUA criaram 236 mil empregos no mês passado, uma desaceleração em relação aos 326 mil de fevereiro e ligeiramente abaixo das expectativas dos economistas.

O petróleo Brent – referência para a Petrobras – fechou em queda de 1,10% na ICE, de Londres, negociando a US$ 84,18 o barril com entrega para junho.

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