Janus Henderson: ‘Capacidade do Brasil de manter credibilidade fiscal será o foco’

Gestora se diz preocupada com uma possível revisão de reformas realizadas em governos passados

Vista do Palácio do Planalto e Congresso Nacional. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência
Vista do Palácio do Planalto e Congresso Nacional. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência

Os ruídos enxergados por investidores domésticos desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também estão permeando o discurso de investidores estrangeiros no início de 2023. Em nota enviada ao PRO, Thomas Haugaard, gestor de dívida emergente em moeda forte da Janus Henderson, se mostra preocupado com a capacidade do país de manter sua credibilidade fiscal nos próximos anos.

“Nossa principal preocupação no curto e médio prazo é a situação fiscal e o desenho de uma nova âncora fiscal. Embora a PEC da Transição tenha sido significativamente diluída pelo Congresso, a proposta original foi bastante agressiva, sinalizando uma menor prudência que pode se manifestar de várias maneiras e causando alguns danos à credibilidade fiscal. A capacidade do Brasil de manter essa confiabilidade será o foco nos próximos anos e vemos um viés mais negativo do que positivo em para o risco de crédito soberano”, diz.

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Haugaard também se diz preocupado com uma possível revisão de reformas realizadas em governos passados, como a trabalhista e a da previdência, o que poderia gerar implicações econômicas e fiscais importantes.

Ontem, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, procurou conter as reações negativas à declaração do novo ministro da Previdência, Carlos Lupi, de que será instituída uma comissão para estudar uma revisão da reforma previdenciária. “Não há nenhuma proposta de revisão da reforma em curso”.

O gestor diz esperar que os níveis de incerteza permaneçam elevados à medida que Lula tenta navegar em uma situação fiscal muito mais frágil em meio a uma economia em desaceleração, com o ambiente externo aparentemente mais hostil (desaceleração do crescimento global), enquanto o ambiente político doméstico é desafiador (Congresso mais conservador) e questões sociais seguirão em pauta (pós-covid e sociedade polarizada após uma eleição muito apertada).

“Ademais, a nova equipe econômica é mais política do que a comandada por Guedes. Portanto, esperamos que o processo de formulação de políticas seja menos claro para os mercados financeiros, uma vez que a formulação de políticas carece de um fio ideológico claro e o Congresso apoiará menos a agenda política do governo. Do lado positivo, esperamos que Lula avance nas agendas ‘verde’ e ‘social’, o que irá melhorar o perfil ESG para o Brasil”, afirma Haugaard.

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