José Múcio aceita convite para Defesa e deve ser anunciado na próxima semana

Assim que for oficial, ele pretende iniciar conversas com comando das Forças Armadas

O ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro viajou ao Recife para encerrar seus negócios privados e assumir o Ministério da Defesa. O anúncio oficial, segundo apurou o Valor, pode acontecer até o fim da próxima semana. A tendência é que ele seja anunciado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) juntamente com mais um ou dois outros nomes escolhidos para o primeiro escalão do próximo governo.

Assim que o anúncio for feito, Múcio pretende dar início às conversas com os representantes do comando das Forças Armadas. De perfil conciliador, ele terá a missão de acalmar as tensões políticas entre setores militares, acirradas já nos primeiros meses do governo do presidente Jair Bolsonaro.

O futuro ministro da Defesa já está sendo procurado por alguns militares, mas tem dito que vai aguardar o anúncio oficial de Lula para iniciar as reuniões. Desde que começou a ser cogitado, seu nome teve boa aceitação entre os generais, que o consideram alguém sensato e de bom trato. O vice-presidente Hamilton Mourão confirmou esta semana que Múcio “teria boa aceitação”.

Lula vem sendo pressionado a revelar alguns dos seus ministros, especialmente na Fazenda e na Defesa. O presidente eleito, contudo, resiste e só deve anunciar a maioria da equipe após a sua diplomação, confirmada para o dia 12. Enquanto isso, as negociações com os partidos da base seguem avançando.

Futura Esplanada

Nesta quinta-feira (1), em reunião com deputados e senadores do PT, Lula ouviu as demandas de correligionários sobre a composição do futuro governo e confirmou que a presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), não será ministra. A ideia é que a dirigente permaneça à frente da legenda, responsável por negociações internas e também com outros partidos.

Segundo apurou o Valor, parlamentares do PT defenderam que pastas ligadas à área social, como Desenvolvimento Social, Educação e Saúde, fiquem sob o comando do partido. Apesar das demandas, Lula teria sinalizado que ouvirá as preferências de cada um dos aliados para fazer uma distribuição equilibrada entre todos dispostos a compor a base de seu governo.

Já os deputados do PSB levaram ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin o nome do ex-governador de São Paulo Márcio França como preferido da bancada para representar o partido no ministério. O gesto visa isolar o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que também busca vaga pelo PSB na Esplanada.

Os parlamentares defenderam a Alckmin que França ocupe o Ministério das Cidades. A pasta é cobiçada por diversos partidos pelo volume de investimentos e capacidade de levar obras para as bases eleitorais, além de firmar convênio com prefeituras. A ideia é ter um ministério com capacidade de articulação política.

O senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) está praticamente certo no Ministério da Justiça, mas é um setor que, na avaliação dos deputados, não gera dividendos eleitorais. “A bancada deu o nome do Márcio França para ser o nosso ministro”, afirmou o futuro líder do PSB na Câmara, deputado Felipe Carreras (PSB-PE).

Sabedores de que os 14 deputados do PSB são insuficientes para que o partido receba um espaço maior na Esplanada, os parlamentares trabalham por um nome que “dialogue junto com a bancada” e abra espaços para eles. O comentário é de que Paulo Câmara, diferentemente de França, não buscou contato com o grupo e sequer telefonou para os deputados quando foi a Brasília.

Já França promoveu encontros em busca de apoio. A impressão da maioria é que Câmara terá espaço no governo federal, mas, se for para escolher, o preferido é França e ao pernambucano sobraria uma estatal ou cargo em banco público. Outro motivo para a mobilização é que os petistas falam em dar ao PSB o Ministério da Ciência e Tecnologia. A políticos do PSB, França sinalizou que não teria como acomodar as pretensões políticas deles na pasta.

Por Murillo Camarotto, Marcelo Ribeiro, Raphael Di Cunto, João Valadares e Caetano Tonet

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