Josué Gomes, presidente da Fiesp, recusa convite de Lula para ser ministro

O empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recusou o convite feito pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser ministro Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Na conversa com o presidente eleito, segundo pessoas a par do assunto ouvidas pelo GLOBO, Gomes afirmou que razões de compliance (conformidade na governança empresarial) o impedem de deixar a gestão de suas empresas no momento.
Filho do ex-vice-presidente José Alencar, falecido em 2011, Gomes dirige a Coteminas, grupo empresarial da família que é o maior do país no setor têxtil. Ele chegou a ter o nome cogitado como um possível vice para Lula na pré-campanha e foi convidado pelo petista para integrar o governo na última quarta-feira. No entanto, já havia a expectativa de ele não aceitar.
Como O GLOBO revelou, Gomes embarcou para uma viagem com a família para o exterior e só volta ao Brasil em janeiro. Ele deixa o país em meio à crise que enfrenta no comando da Fiesp, mais influente entidade empresarial do país. Representantes de 86 sindicatos dos 106 filiados que têm voto na entidade questionam a gestão de Gomes e articulam uma assembleia para tirá-lo do cargo.
Gomes não vai comparecer à assembleia da Fiesp convocada para o próximo dia 21 pelos críticos a sua gestão. Esse movimento de oposição é articulado pelo antecessor de Gomes na Fiesp, Paulo Skaf.
Ambos foram aliados, mas romperam após críticas de Gomes à gestão anterior e, principalmente, após o atual presidente da entidade impulsionar a publicação de um movimento em defesa da democracia em agosto deste ano, o que foi visto como uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos últimos anos, Skaf se aproximou do bolsonarismo.
Nesta quinta-feira, a Fiesp publicou um edital assinado por Josué no qual convoca para o dia 16 de janeiro a assembleia que vai debater os questionamentos ao presidente da entidade pelos sindicatos. Com isso, Gomes ignorou o edital publicado pelos sindicatos de oposição, feita para o dia 21 de dezembro.
Dessa forma, coloca-se em dúvida a realização do encontro na próxima semana, uma vez que Gomes teria garantido pelo estatuto da Fiesp, amplo direito de defesa.
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