Lula cita Lehman Brothers e critica ‘gente que aprendeu a negar o Estado’

Presidente afirma que mercado não deveria tratar investimentos em educação e saúde como "gastos"

Lula: o presidente voltou a criticar a atual taxa de juros no Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lula: o presidente voltou a criticar a atual taxa de juros no Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em um aparente recado ao mercado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira que “todas as grandes crises que aconteceram no mundo quem salvou foi o Estado”. Ele citou a quebra do banco Lehman Brothers nos EUA, em 2008, que provocou uma crise financeira global, para ressaltar o papel do governo na economia e no bem-estar da população.

A fala de Lula ocorreu em um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto. Durante o encontro ele afirmou que o mercado deveria tratar gastos com saúde e educação como “investimentos” e ironizou o mercado por não tratar o pagamento de juros da dívida como gastos. Para o presidente, o mercado teria construído a narrativa de que “qualquer dinheiro que não seja para pagar juros é gasto”.

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“Tem muita gente que aprendeu a negar o Estado. Mas se a gente pegar os últimos dez anos, nós vamos perceber que todas as grandes crises que aconteceram no mundo quem salvou foi o Estado”, disse o presidente.

“Quando o Lehman Brothers quebrou em 2008, não foi nenhum banco grande que resolveu emprestar dinheiro pro Lehman Brother. Quem salvou foi o Estado”, continuou.

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Lula citou o Proer (Programa de Estímulo à Restruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), criado no governo FHC na década de 1990 para salvar bancos colapsados no país.

“Aqui, o Fernando Henrique Cardoso já tinha salvado os bancos quando ele criou o Proer, no começo do governo”, disse. E, agora, quanto teve a pandemia, não teve nenhum banqueiro que resolveu bancar a vacina. Quem resolveu isso? Foi o Estado. É o Estado que tem que colocar dinheiro para que as pessoas tenham alguma coisa para comer. É o Estado que tem que financiar a vacina.”

Na fala, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela condução que deu no combate à pandemia, que deixou quase 700 mil mortos no Brasil.

“Lamentavelmente, nós tivemos um presidente que não teve competência para comprar vacina, brincou com a doença. E gerou com que, embora nós tenhamos 3% da população mundial, nós tivéssemos 12% das pessoas que morreram por conta da covid”, disse. “É um disparate, uma falta de responsabilidade, de um governo que agiu quase como se fosse um genocida.”

Lula critica gastos do governo Bolsonaro

Ele criticou também os gastos bilionários do governo no ano passado que, segundo ele, foram feitos para que Bolsonaro vencesse a eleição. Citou isenções, desonerações e empréstimos feitos a pessoas vulneráveis que recebiam, na época, o Auxílio Brasil, que voltou a se chamar Bolsa Família.

“Não sei se vocês já se deram conta de quanto dinheiro já foi colocado em ação nessa campanha se vocês forem levar em conta as isenções, as desonerações, os financiamentos, como esse da Caixa, para emprestar para as pessoas que estavam recebendo o Auxílio Brasil pagando 3,45% de juros. Ou seja, 40% de juros ao ano, três vezes a Selic. Esse dinheiro foram jogando fora”, afirmou. “Chegou-se a R$ 300 bilhões, foi a sobra de dinheiro utilizada para que o Bolsonaro pudesse ganhar as eleições. Não foi uma briga normal entre dois candidatos e seus partidos políticos. Foi a briga de um político, de forças políticas lideradas pela minha candidatura, e a briga contra o Estado brasileiro.”

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