Lula: ‘Moeda comum no Mercosul contribuirá para reduzir custos e promover mais convergência’

Presidente defendeu resposta contundente à União Europeia e acenou com parceria com a China

Lula durante visita a Puerto Iguazú, na Argentina. Mandatário brasileiro assume a presidência do Mercosul. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula durante visita a Puerto Iguazú, na Argentina. Mandatário brasileiro assume a presidência do Mercosul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, em discurso na cúpula do Mercosul, a criação de uma moeda comum entre os países do bloco para reduzir custos na transação e promover uma “convergência” macroeconômica.

Na segunda-feira (3), a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, destacou após reunião em Puerto Iguazú que o Brasil, na presidência pro tempore do Mercosul a partir desta terça-feira (4) terá como prioridade justamente a “convergência macroeconômica em moeda comum no bloco”.

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“A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, disse o presidente em discurso nesta terça-feira na Cúpula do Mercosul.

Lula destacou que o Mercosul está aquém de seu potencial de comércio e reiterou a disposição do Brasil na presidência pro tempore em incluir os setores automotivo e o açucareiro na área de livre comércio.

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“Temos uma agenda inacabada com dois setores ainda excluídos do livre comércio: o automotivo e o açucareiro. E buscaremos, também, concluir a oitava rodada de liberalização do comércio de serviços”, afirmou Lula.

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Resposta rápida e contundente à UE

O presidente Lula cobrou do Mercosul a apresentação de uma “resposta rápida e contundente” à carta adicional apresentada pela União Europeia para fechar um acordo comercial com o bloco sul-americano. O texto prevê sanções em caso de descumprimentos ambientais e é rechaçado pelo governo brasileiro. Ontem, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, prometeu uma reação ao documento adicional da UE para os próximos dias.

Em discurso na Cúpula do Mercosul, Lula afirmou que a ofensiva dos europeus é inaceitável. “Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções”, reiterou o presidente, que mais uma vez se posicionou de forma contrária à inclusão das compras governamentais no acordo comercial, uma exigência dos europeus.

“Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo”, disparou Lula, em defesa de produtos de maior valor agregado no Mercosul.

“Retomaremos uma agenda externa ambiciosa para ampliar o acesso a mercados por nossos produtos de exportação. Estou comprometido com a conclusão do Acordo com a União Europeia, que deve ser equilibrado e assegurar o espaço necessário para adoção de políticas públicas em prol da integração produtiva e da reindustrialização”, acrescentou o presidente.

Aceno com parcerias entre Mercosul e China

Lula reagiu ainda à ofensiva da China para fechar um tratado de livre comércio com o Uruguai de forma unilateral, o que poderia prejudicar o Mercosul. O petista acenou com parcerias em conjunto do Mercosul com o país asiático.

“Vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe”, prometeu Lula, que assume hoje a presidência pro tempore do Mercosul.

Lula saiu em defesa de políticas que “contemplem uma integração regional profunda”, baseada em “trabalho qualificado” e “produção de ciência, tecnologia e inovação”. “Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações”, declarou o presidente do Brasil. “A proliferação de barreiras unilaterais ao comércio perpetua desigualdades e prejudicam os países em desenvolvimento.”

No discurso, o petista disse ser preciso combater “o ressurgimento do protecionismo no mundo”, com o resgate do protagonismo do Mercosul na Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula defende uma reforma da OMC e da governança global como um todo.

Bolívia no bloco

Por fim, o presidente brasileiro afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. O país sul-americano aguarda aval dos parlamentares para entrar no bloco.

“A nossa integração vai bem além do que um projeto estritamente comercial. O Mercosul não pode estar limitado à barganha do ‘quanto eu te vendo e quanto você vende pra mim'”, argumentou o presidente na cúpula do bloco sul-americano.

Lula defendeu a recuperação de “uma agenda cidadã e inclusiva” que gere benefícios tangíveis para todos os países. “Nossa integração deve ser solidária e despertar o sentimento de pertencimento”, disse o presidente.

No discurso, Lula defendeu que só a unidade do Mercosul e da América Latina vai permitir a retomada do crescimento sólido, em uma opção regional de “cooperação e solidariedade”.

“Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa. Diante das guerras que trazem destruição, sofrimento e empobrecimento, cumpre falar da paz”, declarou Lula, em referência à sua posição na guerra da Ucrânia embora sem citar diretamente o conflito com a Rússia.

Com informações do Estadão Conteúdo

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